29 de setembro de 2010

bastidores (demora mas chega)

Parte dois


De: Oswaldo Almeida Jr.
Assunto: RE: Partida - a chegada do poema...
Para: "Wallace Puosso", "Reginaldo Gomes" .
Data: Quarta-feira, 13 de Maio de 2009, 9:56


Hehe, desta vez não fui eu quem ficou por último! Milagre!!!
Mas relaxa, boy.
Eu só vou conseguir pensar no tema depois que você mandar seu poema.
Rimou!!! Então já fiz o meu poema da próxima semana, oba!!!
rsrsrs...

Boy
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De: Wallace Puosso
Assunto: Partida - a minha parte
Para: "Reginaldo Gomes" ., "Oswaldo Almeida Jr." .
Data: Sexta-feira, 15 de Maio de 2009, 15:42


Boys,

Desta vez (pela primeira vez nessa série) um poema sombrio.
Não que isso seja ruim mas, talvez influenciado por Bergman e pela trilha do espetáculo Yulunga (http://www.myspace.com/meandmy303), o que saiu foi algo bem introspectivo.
Falo novamente de amos, mas pelo avesso do que costumo falar.
Porque assim deve ser, nesse momento pelo qual estou passando...
Portanto, ouçam a música junto com a leitura do poema.

Pronto! Finalizada minha breve sessão de "análise" com meus queridos colegas de escrita (rs...) segue o texto, que é o que mais interessa.
Bom final de semana procês. Nos vemos no Bob Dylan (sempre ele, sempre ele...!).
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De: Wallace Puosso
Assunto: Uma coisa pra se pensar
Para: Reginaldo; Oswaldo Jr.

Data: Wed, 20 May 2009 10:43:14 -0700

Boy,
Ótimo isso: "Uma grande paixão é como a camisa recém comprada".
Curioso notar que, no conjunto da obra (nossa, nesse desafio) uns poemas estão pra mais, outros pra menos, frases se destacam, ficam na memória, criamos instantâneos e perduramos palavras...
No conjunto da obra, temos um percurso único. Uma "liga" que se mantêm forte, coesa.
Já temos uma identidade, mesmo no coletivo, olha só!
E acho que já passa do momento de pensarmos e "amplificar" isso ao mundo. Vamos pensar sobre isso? Sobre a melhor forma de tornar visível o que apenas habita nossos computadores?

Abraço, Wallace Puosso
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De: Wallace Puosso
Assunto: Outra coisa pra se pensar
Para: "Reginaldo Gomes" ., "Oswaldo Almeida Jr." .
Data: Quinta-feira, 21 de Maio de 2009, 14:27


Bom...
Eu gostaria de sugerir outra coisa, se é que isso cabe nessa situação...
Acho que somos três pessoas que sabem - de fato - a diferença entre um texto que tenha poesia e outro que não consiga chegar nisso. Como leitores, com a experiência de vida que temos, etc...

Se a proposta da publicação (seja de que forma for) estiver de pé, da minha parte, sugiro que vocês dois analisem criticamente meus textos (dentro do possível, pois não somos críticos literários) e escolhessem os que mais se aproximam da idéia do "conjunto da obra" ou que mereçam uma publicação.
Acho importante isso e concordo com tudo o que vc escreveu. Se não lanço um livro há 16 anos é porque entendo que é necessário um "apuro estilístico" e um rigor com o que se torna público.
Tenho levado em média, dois a três anos pra levantar um espetáculo, é tempo de maturação, pesquisa, encontros e desencontros, acertos e erros, mas um tempo que se torna necessário. Tem grupos que montam dois espetáculos por ano. E há uma grande diferença de resultado entre uma coisa e outra, vocês hão de convir comigo...!

Sugiro que vocês analisem meus textos e apontem os que devem ser publicados.
Vocês podem até não concordar, mas acho importante exercitarmos esse olhar crítico. E, se vocês acharem que isso possa ser feito com os textos de vocês, também me proponho a tal coisa.
Enfim... essa é uma provocação necessária. Pra pensarmos.
Afinal de contas, esse "desafio poético" que nos guiou até agora, não é por acaso. É provocativo. E, como "provocação", deve também ter seu olhar crítico.

De qualquer forma, proponho pensarmos com calma, amadurecermos essa idéia e - penso eu - até o final do ano, se continuarmos com esse ritmo, teremos reunido uma "safra" interessante de textos...

Abraço! Wallace Puosso
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De: Oswaldo Almeida Jr. .
Assunto: RE: Uma coisa pra se pensar
Para: "Wallace Puosso" ., "Reginaldo Gomes" .
Data: Quinta-feira, 21 de Maio de 2009, 10:39


Tá legal, boy (boys), tô dentro. Só que realmente acho que tenho coisas fracas no meu conjunto. Eu teria de selecionar as melhores... Ler os poemas todos agora, depois de um tempo que foram feitos, deve ajudar a ver o que realmente ficaria pra história (chique!) e o que é descartável. Sou muito crítico, e acho sinceramente que o que produzi até agora não está tão bom quanto o que vocês dois produziram. É fase, fazer o quê! Tenho que andar mais a pé, de novo, hehehe...

boy
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De: Wallace Puosso .
Assunto: RE: Uma música pra inspirar
Para: "Oswaldo Almeida Jr." .
Data: Terça-feira, 26 de Maio de 2009, 11:49

Boy...

Quanto à tempo livre pra escrever, abrir email, escutar música, caminhar pela cidade, realmente isso tem se tornado um luxo. Pra mim, pelo menos. Imagino pra você. Mas acho que o desafio é tentarmos nos encontrar em meio a essa dinãmica que o tempo contemporâneo nos impõe.
Há 14, 15 anos atrás você ocupava outra função no SESC, tinha família e filho novo, uma banda de Rock e ainda encontrava tempo pra pintar, fotografar e ir com os amigos no Curvinha (!!!). hehe... Hj o ritmo é outro, mas encontrar as tais "brechas" é necessário.
Quanto à análise das suas poesias... Esperarei você dar forma final a algumas (foi isso mesmo que eu entendi?) e aí eu faço de todas...
Sobre as conversas não-virtuais também sinto falta... Esse final de semana tem apresentação em Igaratá mas podemos combinar para o outro domingo.
Eu sou a síntese do homem contemporâneo: agoniado com o excesso de informação virtual, angustiado pelas distâncias físicas e entorpecido pelas novas formas de relação que se estabelecem entre as pessoas. A dúvida sempre persiste: máquina de escrever ou teclado? E-mail ou carta? MP3 ou vinil? Torpedo ou abraço? rs...

Fica bem. No fim dá tudo certo.

Abraço, Wallace Puosso
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De: Oswaldo Almeida Jr. .
Assunto: RE: Outra coisa pra se pensar
Para: "Wallace Puosso" ., "Reginaldo Gomes" .
Data: Terça-feira, 26 de Maio de 2009, 9:48


Boy, você sabe que eu gosto de desafios, não é? Topo essa história de um ler criticamente os textos dos outros. Os meus já estão abertos a receber as críticas de vocês dois. Se formos publicar mesmo, acho que isso pode ser um filtro importante. Quanto aos meus, estou esperando passar mais um tempinho para mexer naqueles em que sei que dá para alterar alguma coisa e deixá-los melhores. Vamos nessa?

boy
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De: Wallace Puosso .
Assunto: RE: VIRTUAL: aos que ainda estão vivos
Para: "Reginaldo Gomes" ., "Oswaldo Almeida Jr." .
Data: Segunda-feira, 8 de Junho de 2009, 13:49

Boy,

Nós três somos os caras que "amam demais"... rs... Eu fico aqui, tentando ler nas entrelinhas, o que é fato, o que é ficção. Até porque não acredito em arte totalmente ficcional. Partimos (sempre) de algum ponto. O nosso ponto.
Interessante, que você alterna entre poemas curtos (quase hai kai) a poemas mais longos (quase letra de música). E sempre trabalhando a dualidade das frases, coisa que adoro fazer... Umas frases assim:
"A distância que mata é a mesma que aquece" ou

"Nada como, um dia após o outro" (tema: comida) ou ainda

"Uma grande paixão é como a camisa recém comprada
Por mais que lhe agrade desde o início
Você só a conhece quando passa
" (tema:partida)

Esse parece ser o seu estilo, boy!
Regis, parabéns pelo lançamento do seu novo livro. Muita gente bacana, interessante presente, e isso é sempre bom...! Pena não conseguir ficar. Estou em processo de montagem do meu novo espetáculo e temos só os domingos à noite para trabalhar...

De qualquer forma, foi bom ter ido (mesmo ficando um pouco) pra lhe cumprimentar...

beijo procês!
boy
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De: Reginaldo
Assunto: REsPosta: VIRTUAL: aos que ainda estão vivos
Para: Oswaldo Jr.; Wallace Puosso
Data: Mon, 8 Jun 2009 10:15:36 -0700

Ei meninos apaixonados e românticos, quantas frases bela, quantos cartões postais...
É boy, ontem foi um dia mágico, muito além do pólen... fiquei e ainda estou muito feliz por tamanho encontro.
Wallace, pena você não ter ficado mais tempo, foi uma pena, depois pegue um livro comigo beleza? Vi uma entrevista sua no Foca em Foco, foto linda! linda!!!
Bom, fico por aqui, ainda estamos organizando as coisas de ontem, muita coisa espalhada pela casa, muitos poemas ainda por vir...
Próximo tema? FUTURO!

beijos e paz!
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De: Oswaldo Ferreira de Almeida Junior .
Assunto: Re: O meu FUTURO acabou de chegar...
Para: "Wallace Puosso" .
Cc: Reginaldo
Data: Sexta-feira, 12 de Junho de 2009, 15:40


É verdade, boy, o verso é mesmo instigante. E que brancura é essa que eu não vejo, boy?
"É proibido cochilar", como diria o forró que toca na sala de um amigo meu... O Futuro chegou mas o Virtual ainda não, correto?
E eu tenho 2 futuros. Um acabado e o outro por chegar...
Decidi uma coisa NESTE instante: topo marcar uma cerveja num bar, só com vocês dois, para vermos se vamos ou não postar nossos escritos! Cabra macho!!!

boy
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De: Oswaldo Almeida Jr. .
Assunto: RE: Res: Férias, só no papel!
Para: "Wallace Puosso" ., "Reginaldo Gomes" .
Data: Quarta-feira, 24 de Junho de 2009, 12:06

Boys, segue o meu poema, escrito ao som de Heart of Mine, do Dylan (dica do Wallace fazer poema ouvindo uma música) na versão de Norah Jones e The Peter Malick Group.

Beijos.
boy
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De: Wallace Puosso .
Assunto: As férias de boy and Norah Jones
Para: "Reginaldo Gomes" ., "Oswaldo Almeida Jr." .
Data: Quarta-feira, 24 de Junho de 2009, 12:34


boy do céu...

Fiquei emocionado, de verdade... Me vi em cada verso do poema, me vi um pouco nesse cara, tentando há tempos voltar pra um lugar, qualquer lugar que possa ser chamado de "seu"... tentando entender o que já viveu, sem deixar de olhar pra frente... desejando voltar a pisar descalço na grama com aquela garota que não sai da sua cabeça... rs...
Isso tem cara de música, boy... Cantada por uma Norah Jones ou Aimee Mann, uma daquelas músicas que enchem nossos olhos de esperança, saudade e boas lembranças...
Obrigado por este momento...

bjs
Wallace Puosso
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De: reginaldo poeta .
Assunto: RE: Res: Férias, só no papel!
Para: "Wallace Puosso" ., "Oswaldo Almeida Jr." .
Data: Quarta-feira, 24 de Junho de 2009, 13:15

Fiquei até com vergonha das minhas 3 linhas.. o hôme sem coração...
O porblema é que fiz o meu ouvindo Amado Batista e Odair José...

Boy, parabéns pela obra rara.
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De: Wallace Puosso .
Assunto: Re: Minha melhor lembrança POP
Para: "reginaldo poeta" ., "Oswaldo Jr"
Data: Quinta-feira, 2 de Julho de 2009, 20:51


Quero deixar registrado aqui que ontem foi um dia desses raros.

Conversamos muito, eu e o boy, sobre muita coisa... Me emocionei com o acústico do Lenine (que ainda não conhecia!), descobri quem é o cara no quadro feito pelo boy que está exposto na sala (a-ha... agora eu sei...!), descobri que a amizade dos dois boys remonta à 79 (puts grilaaaaa... 30 anos!!! coméquipode?!?), bolamos nosso primeiro blog coletivo, ouvi muita MPB e matei saudades de músicas dos anos 80 (Vinícius Cantuária, Azimuth, olha só!), vi os quadros da exposição que será lançada em Patos, dia 13 e as novas obras da Zenilda (em tecido, coisa fina..).
Aí ela chegou e começamos a falar de poesias e cartas e cartas com poesias, coisas escritas à mão e... Vem novas idéias por aí... tomamos várias cervejas e acho que isso ajudou à dar asas às idéias...
Faltou o boy nessa conversa, mas podemos arrumar uma maneira disso não acontecer da próxima vez. Temos de estar os três juntos...

Obrigado pela ótima tarde!

Abraço!
Wallace Puosso
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De: Oswaldo Almeida Jr. .
Assunto: RE: Do sertão, aos boys!
Para: "Reginaldo Gomes" ., "Wallace Puosso" .
Data: Quarta-feira, 8 de Julho de 2009, 22:51

Pois é. Tem aquele negócio que o Wallace lembrou, o ritmo. Por isso, logo depois que mandei pra vocês, acrescentei uma palavra no penúltimo verso (pulsante). Acho que melhorou, vejam abaixo. E acho que daria para experimentar um soneto, acrescentando uma terceira estrofe antes da última. Quem sabe me animo?

Abraços.
(ah, Wallace, confirmamos o ensaio do Dylan para a sexta-feira à tarde. O Felipe me liga amanhã para combinar o horário!)
(ah02: boy, Lua e Brisa - boa viagem e boas expo´s!)
boy
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De: Wallace Puosso
Assunto: RE: Do sertão, aos boys!
Para: Reginaldo; Oswaldo Jr.
Data: Thu, 9 Jul 2009 08:30:53 -0700


Boy,

Eu vou ao ensaio amanhã então. Depois vc me confirma o horário certo e o endereço.
Aos três que estão na Paraíba, uma boa abertura de exposição e que vcs façam muito sucesso por aí...
Boy, gostei da mudança que o acréscimo da palavra fez ao poema e, concordo com vc quando diz que poderia virar um soneto, embora ache que a obra já está "redonda".
Queria deixar uma sugestão para o final do seu poema "Vintage" (do tema POP). Experimente tirar a penúltima estrofe (ah, se eu fosse) e a palavra "eu" da última estrofe e veja se o ritmo melhora...

Abç, boy
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De: Oswaldo Almeida Jr. .
Assunto: RE: Do sertão, aos boys!
Para: "Wallace Puosso" ., "Reginaldo Gomes" .
Data: Quinta-feira, 9 de Julho de 2009, 20:13

Hehe... Boy, não sei se o problema daquele poema é só esse, infelizmente. Reli-o agora, e parece que precisa de uma mexida bem maior... Chego a achar que ele não é um poema! Verdade, parece um texto qualquer, narrativo. Leia-o assim, pra ver se não é isso:

(Definitivamente não sou pop. Toco as mesmas músicas do mesmo jeito há quinze anos, e nenhuma delas tem menos de vinte. Se eu fosse famoso, ah, se eu fosse, o meu jeito retrô seria “vintage”. Minha falta de estilo estaria na moda e eu seria modelo para os indies. Depois de tanto ser copiado, eu passaria então a me copiar! Tocando as mesmas músicas do mesmo jeito por quinze anos, eu chegaria ao topo do mundo do rock. Mas o fato é que eu, não sendo famoso (ah, se eu fosse), eu definitivamente não sou pop.)

É... Acho que há outros problemas. Na boa, se eu tiver outra idéia para o tema "POP", eu troco o poema todo! hehehe...

Mudando de Assunto: boy, o Felipe quer ensaiar na casa dele. Marcamos para amanhã às 19h. Se você quiser ir comigo, pode passar aqui lá pelas 18h, a gente toma uma taça de vinho e aí vamos juntos pra lá, num carro só.

Abraços a todos!!!
boy
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De: Wallace Puosso .
Assunto: RE: Do sertão, aos boys!
Para: "Reginaldo Gomes" ., "Oswaldo Almeida Jr." .
Data: Sexta-feira, 10 de Julho de 2009, 11:18

boy...

É verdade, uma narrativa... acho que um formato de texto assim também cabe na nossa proposta. Não vejo a coisa encerrada no formato de poema (aliás, conversamos sobre isso no churrasco). Portanto, se vc achar melhor, mantenha o texto desta forma. Não é necessário fazer outro: ele "dá conta do recado" com a questão do POP...
Outra coisa, esse texto também pode virar uma letra de música, precisa acertar o ritmo, mas acho que sai alguma coisa... rs...

Abraço!
wallace puosso
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De: Wallace Puosso
Assunto: Minha distância
Para: Oswaldo Jr.; Reginaldo
Data: Sat, 11 Jul 2009 13:44:43 -0700


Boys, segue meu poema para o tema Distância. Ainda falta o boy regis mandar ou comi bola? aiai... estou perdido no meio de tanto email e tema... rs...

É isso.
Wallace
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De: Oswaldo Almeida Jr. .
Assunto: RE: Minha distância
Para: "Wallace Puosso" ., "Reginaldo Gomes" .
Data: Domingo, 12 de Julho de 2009, 12:03

Puts, boy, que poema bonito! Pra mim, a poesia está concentrada nos trechos:

"a rotina esgarça o tecido / deixa as cores mais lavadas / menos vibrantes"
e "O que separa amor de saudade / é um dicionário inteiro
"

Esses trechos acima, pra mim, mostram o olhar do poeta para a realidade com um olhar que não é o olhar cotidiano, como todos nós olhamos a realidade todos os dias - o olhar comum. Esse olhar diferente, pra mim, é o que marca o texto como poético, mais até do que os aspectos formais da poesia - ritmo, forma, etc. Quando consigo isso fico muito feliz, satisfeito com o texto. Não é sempre.

Que lindo. E fechou com uma rima que não ficou forçada.

Bacana.
boy
(ei, o boy ainda não mandou o dele?! A história desta semana ficou invertida, é isso mesmo? rsrsrs...)
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De: Oswaldo Almeida Jr. .
Assunto: RE: Sobre nós aqui.
Para: "Reginaldo Gomes" ., "Wallace Puosso" .
Data: Quarta-feira, 15 de Julho de 2009, 13:52


Uaahhh... (bocejando)... Férias é bom demais, né, gente? (o Wallace vai dizer assim - "não sei o que é isso", mas tudo bem). Uaahhh... (de verdade)...
Bem, com a velocidade de um Caymmi, deixa eu passar pra vocês o tema desta semana...
- (uaahhh, de novo)
- o tema é "Vale do Paraíba".
Pensei nesse pra deixar um pouco mais difícil pro Reginaldo, hehehe... Quero ver o cara tirar o pensamento do nordeste, rsrsrs! (ih, tem "Paraíba" no nome, agora é que reparei!!! Não vale apelar, hein, boy?!)

Bem, é isso (uaahhh...). Deixa eu voltar para a minha leseira...

Abraços,
boy
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28 de setembro de 2010

bastidores (demora mas chega)

Parte um

Se você achava que já havia lido tudo sobre essas 28 semanas em que nos desafiamos, fique por dentro agora do que rolou nos emails trocados entre nós.
A partir de hoje, até o próximo domingo, publicaremos os principais emails.
Fique à vontade. Sinta-se voyer. Afinal, esse (também) é o lado bom da vida!


De: Wallace Puosso
Assunto: O desafio desta semana
Para: "Oswaldo Jr" .
Data: Terça-feira, 7 de Abril de 2009, 18:41


Boy,

Bom, há muito custo, consegui! Não foi fácil, mas acho que essa sensação de "não vou conseguir" é o que motiva, sabia?

bom, segue abaixo, um texto-reflexão sobre o que estamos fazendo e anexo, o texto baseado em COLAPSO.

Abraço!

sobre desafios e encruzilhadas

É interessante como se dá o processo de criação artística.
Inicialmente, “travei” com o novo tema proposto: colapso. O receio neste caso é escrever sobre mais do mesmo. A impressão que fica desta contemporaneidade veloz é que, tudo o que havia pra ser dito já o foi.
Então, dizer mais o quê?
Parece que a arte – de um modo geral – está numa encruzilhada. E como a arte é a princípio um reflexo do homem, podemos até dizer que este sim, está sem rumos.
O desafio de temas propostos intercaladamente entre eu e Oswaldo é um pouco nossa resposta a essa coisa confusa e ampla na qual se tornou a literatura contemporânea. O desafio de escrever algo poético sobre um tema aleatório nos leva a refletir sobre o próprio ofício da escrita. Uma reflexão importante em tempos de blogosfera, onde qualquer um pode escrever sobre qualquer coisa.
Pois bem. Para o tema desta semana, a fonte parecia ter “secado”. Mas eis que, numa caminhada no centro da cidade, a idéia “estala” de uma hora pra outra, sem avisar.
Basta ter um estímulo visual, sonoro, tátil e a criatividade vem à tona.
Assim se dá o processo de criação artística. Impulsionado através dos sentidos. E não há nada mais primitivo do que isto.
Será que, neste caso, uma saída para nossa falta de rumo seja buscar coisas primais como ritos, mitos e sensações adormecidas a tanto tempo?

wallace puosso, abril 2009
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De: Oswaldo Almeida Jr.
Para: Reginaldo Gomes; Wallace Puosso
Enviadas: Sexta-feira, 24 de Abril de 2009 21:29:59
Assunto: RE: Res: o poema_22/04


Rapaz, onde eu fui me meter... Dois belíssimos textos, boys! O do Wallace, mesmo ele preferindo outros tipos de textos, ficou um poema bonito, sintético e cheio de força. O do Reginaldo, com uma estória tocante, também, e gostoso de ler. Falando em títulos, aquele "Quando tudo se acalmar, comprarei uma casa em Amsterdam" também é bem bacana...

O tema de São João no poema do papagaio remete ao poema que eu fiz para o tema (ai, que tema, boy!) "Borboleta que não voa não colore o espaço". A minha borboleta virou uma mulher, bonita que só. Mas o poema ficou assim, singelo. Foi propositalmente feito no estilo trovinha, ou no estilo cordel, bem popular mesmo. Fui o último a mandar. De quem é o tema desta vez? Meu?

Abraços!!!
Boy
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De: Wallace Puosso
Assunto: Frida
Para: "Oswaldo Jr", "reginaldo Gomes"
Data: Sábado, 25 de Abril de 2009, 13:47


Bom, não sei fazer cordel tão porreta quanto o que vocês fazem. Mas me inspiro com filmes, cores, odores e faço uso dos sentidos pra transformar sensação em palavras.

Ontem assisti (novamente) Frida Kahlo. E me inspirei. Olha só o que saiu:

Dura como o aço, fina como a asa de uma borboleta. Suas mãos. Há mais sentido num toque do que a imaginação supõe. Quando você me olha (com a alma) o chão some sob os pés e eu - pobre mortal - me entrego à lembrança do que um dia fomos. A saudade. Um pátio cinza, um jardim de gardênias que requer cuidados. Às vezes sinto ausência de cores em seu sorriso. "Não sei se posso maldizer-lhe ou amar sem limites". Você sentencia: só quero uma partida feliz e nunca mais voltar. Voltar pra casa é sempre mais difícil. Eu apenas espero. Você, com suas asas de borboleta, um coração tenro e aquele olhar de aço. Que me deixa em pedaços. Volta logo, volta.

wallace puosso, abril de 2009
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De: Wallace Puosso
Para: Oswaldo Jr.; Réginaldo Poeta
Enviadas: Domingo, 26 de Abril de 2009 15:37:11
Assunto: Re: Memória, eis a minha parte


Ave Maria
O ômi é rápido e ligeiro no gatilho... hehe... muito bom...
mas não vou ficar atrás... rs... Segue um aperitivo:

A mémória é o paraíso
e o gatilho da arma

E o poema, anexo.
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De: Reginaldo
Assunto: Res: Memória, eis a minha parte
Para: Wallace Puosso; Oswaldo Jr.
Data: Sun, 26 Apr 2009 11:50:09 -0700

Rápido nada, foi medo de esquecer...

Gostei do teu aperitivo, eis outro:

No esforço de lembrar do teu corpo,
Toquei-me.



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De: Oswaldo Almeida Jr.
Assunto: RE: Res: Memória, eis a minha parte
Para: "Reginaldo Gomes", "Wallace Puosso"
Data: Quarta-feira, 29 de Abril de 2009, 10:34


Ai meu Deus, ai meu Deus ai meu Deus!!!!!!

Eu juro que estou me lembrando todo dia, todo dia, mas até ontem as preocupações com a receita federal ainda eram maiores... O imposto de renda já foi. Espero que agora "memória" venha!!!!!!!!!!!!

Os textos de vocês estão lindos! Estou até tímido pra escrever... Reginaldo, seu estilo está ficando diferente, não está? Tenho notado uma evolução nos textos, um descompromisso que está focando mais na idéia que nas rimas. Estou achando muito bonitos. E o Wallace! Lindas as passagens "sozinha numa casa com reticências" e "metade dela era saudade e a outra nem nome tinha". E do boy: "atropelei a noite sólida com os meus 328 verbetes" - dá um belo início de letra de música!

Bem, enquanto eu rumino aqui, vocês pensam aí no próximo tema... De quem é?

Beijos!
boy
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De: Réginaldo Poeta
Assunto: Novo tema
Para: Wallace Puosso, Oswaldo Jr.
Data: Quarta-feira, 6 de Maio de 2009, 20:14


Meninos, aproveitando o clima da Virada Cultural, envio o tema da próxima
semana: pARTida

Pode ser?
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De: Wallace Puosso
Assunto: Re: Novo tema
Para: Oswaldo Jr.; Reginaldo

Data: Wed, 6 May 2009 16:37:28 -0700

Boy do céu...

Vc tá a mil por hora...

VÊ se espera até segunda-feira pra poder mandar o poema, senão a gente começa a ficar defasado... hehe...

Tá ótimo o tema...
Wallace Puosso
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De: Oswaldo Almeida Jr.
Assunto: RE: Novo tema
Para: "Wallace Puosso",
"Reginaldo Gomes"
Data: Quinta-feira, 7 de Maio de 2009, 0:21


Vou fazer de conta que não vi este email, hehehe... Ainda nem dei conta do Estrangeiro! Senão eu me apavoro!!!!!!!!

Gostei do tema. Mas só vou saber dele na semana que vem, heeeeeeeeeeeeeeeeeeee!

Boy
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De: Wallace Puosso
Assunto: Uma reflexão sobre o ato de criação
Para: "Reginaldo Gomes", "Oswaldo Almeida Jr."
Data: Quinta-feira, 7 de Maio de 2009, 12:04

hehe...

encontrei com o Reginaldo esta semana no SESC e ele me chamou a atenção dizendo algo meio como se eu estivesse com preguiça, ou receio de escrever.

Na verdade, é bom que ambos saibam: tenho uma dificuldade imensa em escrever. Meu objeto de investigação no teatro - inclusive - é como se dá o ato da criação.

Vou contar um segredo: tenho meus rituais próprios para "incentivar" ou "facilitar" esses momentos de criação - que são raros, inconstantes. Primeiro, não consigo criar nada com outras obrigações pendentes (tem que ir no banco pagar conta, levar o carro no mecânico, projeto pra terminar, matéria atrasada da faculdade, etc...). Então, sabendo disso, reservo um momento do dia e "zero" tudo. Deixo tudo o que não conseguiria resolver de imediato no lado de fora da porta, sento num local tranquilo, às vezes tomo meu chimarrão, às vezes um vinho, às vezes coloco uma música. Músicas e filmes tem me inspirado bastante ultimamente.
E assim (parece) que se dá o processo criativo pra mim. Portanto, não consigo produzir textos com regularidade. Acho que sofreria muito se tivesse que produzir um livro sob encomenda para uma editora, por exemplo. Ou não, se vivesse só disso. Quem sabe?
Então é isso. Saibam que não é corpo mole, não. É limitação mesmo. E é duro admitir isso, não é boys? rs...

Bom, sobre o tema estrangeiro, já rascunhei dois textos, mas sempre ficam aquém da linguagem poética que persigo. Vou continuar persistindo até o fim de semana.

Vamos em frente!

Abraço.
Wallace Puosso
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De: reginaldo poeta
Assunto: ResPosTa: Uma reflexão sobre o ato de criação
Para: Wallace Puosso, "Oswaldo Almeida Jr."
Data: Quinta-feira, 7 de Maio de 2009, 12:39


uai sô, esse texto já é um baita poema...

Acho também que TUDO deva fluir leve.

Creio também que, se tivesse que escrever algo por encomenda, me lascava todo, esse papo lembra um pouco o assunto do filme Barton Fink... lembram?

Bom, fico por aqui mas já com uma idéia na cabeça: que tal um dia encontrarmos, decidirmos o tema na hora e fazermos um poema coletivo?

Vão pensando...

amo-os!
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De: Oswaldo Ferreira de Almeida Junior
Assunto: Re: ResPostA: O poema e a foto
Para: Wallace Puosso, "reginaldo poeta"

Data: Sexta-feira, 8 de Maio de 2009, 13:44

Deixa eu aproveitar e mandar um poeminha que fiz passando pelo Parque Santos Dumont, agora há pouco. Tem um cara que o pessoal do Sesc chama de "Te Peguei"! Olha o que ele me permitiu fazer hoje:

Sobre o cimento do passeio
o doido ajeitou a flor
já liberta dos espinhos.

Com um olhar de reverência
fui grato por ele ser doidinho

Das pessoas normais não espero
que coloram meu caminho.


E aproveito para lembrar do Ronaldo Fenômeno. Sabe quando o cara está num dia inspirado e faz 2 gols? Não sempre como ele, mas hoje estive mais ou menos assim... E na vinda para o trabalho fiz também o poema para o tema "Partidas", do Reginaldo. Olhem abaixo:

Ela não disse que viria
Nem avisou quando partiu
Como o velho Sr. Zimmerman
cantava em "Simle Twist of Fate",
ele acordou e o quarto estava vazio.

Pensou então, enquanto olhava pela vidraça
Uma grande paixão é como a camisa recém comprada
Por mais que lhe agrade desde o início
Você só a conhece quando passa.


Precisam de ajustes, ainda, os dois poemas, mas estou feliz porque não sou como o Reginaldo, que tem esses lances todos os dias. Pra mim é mais raro. Acho que preciso fazer as coisas a pé. Andando dá pra pensar, dirigindo não...

Boy
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22 de setembro de 2010

Primeiro som, primeiro estrondo na alma

Supersônica
(ou: e não estava acima de 340 m/s)


Você passou silenciosa,
mas deixaria um estrondo atrás de si
Em frações de segundo destruiria
o pouco da Física que aprendi.

O estrondo fica enquanto penso
e não tenho claro se isto é bom
A velocidade do seu silêncio
rompeu a barreira do meu som.

Oswaldo Jr.

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sentilerouvir


A música não-muda transforma o poema
que trans-muda a música
dita os sentidos
que mudam o modo de escuta
ao fechar os olhos, abrir os poros
a poesia
trans-molda a outras mil formas
ao abrir os olhos, ouvir os poros
a melodia revista é refeita noutros olhos
desolhificar sentidos
é como olhar-se por dentro, sentir-se
sentir-se vivo é quase tudo
é quase tudo
é quase tudo o que não muda


wallace puosso

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Acordes

Portas fechadas,
Respiração ofegante,
Duvidoso semblante...

O aprendizado raro veio das ruas,
As antenas de tv ainda não tinham o poder
De roubar tanto minha visão.

A primeira comunhão foi fato marcante,
Mas quando o vento sábio de uma tarde rara
Hospeda em meus ouvidos o seguinte canto:

*Oh, eu não sei se eram os antigos que diziam
Em seus papiros Papillon já me dizia...


Pude sentir em mim a transformação.


* trecho da canção "Vila do Sossego - Zé Ramalho - 1978

Réginaldo Poeta

17 de setembro de 2010

Ménage à Trois

TERCEIRA PESSOA

Ele fez o que pôde
Antes, durante e depois
para afastá-la dali

Não era o que tinha em mente
lembrar-se de um corpo ausente
enquanto amava um real

Mas a cabeça distante
lembrava a todo instante.
Ménage à trois virtual.

Oswaldo Jr.

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dark room

Eu não sabia
(mas achei que devia)
primeiro
a vista
demora mas depois
se acostuma
como
a gente
se acostuma a tudo
e tudo (duplo) sentido
boca nuca mão
eu nunca sei
em que mão você está
tentação
depois se avista
acostuma
tudo ganha sentido
um caminho partido
(qualquer um)
já alivia
eu sei o que é bom
(eu sei)
eu sei que é bom
mas não devia

wallace puosso

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Acesso Restrito

Fiquei observando
Aquelas 3 aeronaves no hangar 17,
Motor ainda exalando calor;
Uma luz vermelha no painel interno como sinal de alerta,
Mas o cansaço e a delicadeza das hélices
Anunciavam o merecido descanso...

Num vidro coberto de uma fina poeira,
Tomei coragem e escrevi em letras garrafais: "MÉNAGE À TROIS"
Saí correndo bebendo o segredo,
E com uma curiosidade de eterno menino,
Nunca mais consegui tirar os olhos do céu...

Réginaldo Poeta

13 de setembro de 2010

PAI

antes tarde

o hospital ensinou-me a beijar meu pai
o hospital ensinou meu pai
a receber meu beijo.

há parte de mim na dor que se vai
há parte de um outro naquele que vejo.

Oswaldo Jr.

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Fleuma

NOITE FRIA DE JUNHO, eu sob o alpendre contando estrelas, pensamento longe. Você olhando fixamente a fogueira no terreiro. Nesta noite, apenas divagaríamos. Você recusou-se a jogar “War”, por ser longo demais. Eu então tomei uma garrafa de vinho italiano, lembrando farras num hotel em São Lourenço. Coisas que você nem imagina. O silêncio atordoante fez-me pensar que estrelas emitem sons. Como algumas palavras refletem luz. Então percebi seus olhos fixos em mim como se eu pudesse ampliar minha visão periférica. Isso eu aprendi no teatro. Algumas coisas a gente não esquece. Esqueci sim, do seu último aniversário e isso lhe encheu de fúria. Ainda que você não tenha falado nada. Eu sei. Você nunca fala. Minha memória não é meu ponto mais forte. Ainda que para datas e números. Por isso jogo palavras cruzadas. Suponho que eu nunca tenha lhe amado, que você nunca tenha existido de fato e seja apenas convenção. A culpa é de quem? Não somos capazes de “ler” o que as íris dizem. Então, o silêncio retruca. Você abaixa os olhos, vira o rosto. Talvez alguma coisa incomode. Acendo um cigarro e o trago calmamente “Essa merda ainda acaba comigo”, por fim resolvo arriscar e puxo assunto: “Noite fria, não?”. Silêncio. “Achei que seria bom conversarmos, há tanta coisa...”. Silêncio. Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez segundos depois – que poderiam ser horas, dias, meses, anos, sei lá, dez segundos depois tomo coragem e desafio: “Onde foi que erramos, pai?” Você então vira o rosto. Os olhos marejados. Acho que não precisamos dizer mais nada.

Wallace Puosso

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Ausência que atormentou as ruas da minha alma


Quando eu era criança
Não sabia explicar direito
Para os que me perguntavam
Sobre a ausência do nome do meu pai
Na minha certidão de nascimento.

- nunca sofri muito por isso -

Assim como também
Não conseguia entender
Porque ele aparecia
Apenas em determinados momentos,
Trazendo presentes raros e desculpas tão comuns.

Minha mãe protegeu aquele homem
Feito jóia rara,
Só muito tempo depois fui entender
Que ele tinha outra família
E por esse motivo se escondia
Entre desculpas, tensão e seus escombros.

De tudo isso, da palavra PAI, sobrou pra mim
Apenas o nascer de uma forte sigla:

PAI= Presença Amorosa Inconstante

E da figura do meu pai, sobrou pra mim
A imagem de uma árvore linda
Mas que insistiu em não crescer...

Réginaldo Poeta

10 de setembro de 2010

O VOO DA SERPENTINA

O mapa da mina

Jogo, jogatina
Serpente, serpentina
Tudo coisa que se atina

Café e cafetina
Vaso, vaselina
Matou dois por uma rima

Nara e narina
Vaga a vagina
Tá forçando a menina

Creta e cretina
Uso e usina
Viajar é coisa fina

Conta contamina
Cara e carabina
Um poema e sua sina.

Oswaldo Jr.

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belchior em slow motion


e ele, invisível, seguiu em frente, firme
com seu caderno de poemas pra cego
e suas melodias pra surdos mudos
carregadas de lirismo e beleza
ele, um velho poeta – o poeta entre muitos
presentes no imaginário deste ou daquele
eis minha melhor trilha sonora
toda manhã, o mesmo ponto de ônibus
a mesma rotina
na boca, o gosto do café
e a vontade de vencer na vida
é engraçado, parece que foi ontem – ele disse
ontem mesmo eu era outro
e tinha sonhos
e tinha planos
e sorria sem esforço
e era reconhecido nas ruas
parece que foi ontem
aquele amor do colégio
aquele que a gente não esquece
não porque fosse o primeiro
mas porque me despertara de um estado imberbe
isso não faz o menor sentido – disseram um dia
“obrigado, chamaremos você em breve!”
então a fila anda
ele só queria mais uma chance
que a poesia pudesse ser de novo ouvida
e sua música
ele só queria um amor – um amor que fosse
um fardo um pouco mais leve
alguém que não olhasse através dele
“tudo o que aprendemos é bagagem”
já disse alguém num boteco qualquer
entre umas e outras
pois é. com dinheiro tudo é mais fácil
eis que um poeta - mais um entre tantos
se foi, sorrateiro em manto de silêncio e só
e nós aqui, torcendo (sempre)
pelo próximo capítulo da novela das 8

vida mais besta essa

Wallace Puosso

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olhando pra trás enxergo o futuro que chegou


Acabo de sair de uma festa,
Observo meu rosto ainda vermelho
Coberto de restos de beijos...

Onde me perdi?
Onde foi parar minha sensatez?

Observo-me como um ser
Despregado de mim,
Cheio de dúvidas e cortes.

Onde me perdi?
Onde foi parar minha lucidez?

O voo da serpentina foi rasante
E quando percebi
Já estava frente-a-frente
Com a perigosa curva...

E o dia enfim
Nasceu nos meus olhos,
Clareando o porão...

Réginaldo Poeta

8 de setembro de 2010

NOVIDADE

Reencontro

Vamos combinar assim:

Quando nos encontrarmos, depois de um tempo,
você me conta umas coisas novas da sua vida,
eu te escuto e, civilizadamente como deveria ser,
tento não demonstrar que aquele desejo todo,
aquela vontade maluca de pular sobre você,
impede que eu preste atenção no que me diz.

Assim a gente parece que fica feliz.

Oswaldo Jr
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por uma vida mais acústica

Caderno espiral, folhas em branco, poemas escritos à caneta, letras de música rascunhadas em guardanapos, canções compostas num violão, churrasco com amigos, criação e vinho, lápis à mão, olho no olho, amizades eternas, palavras que não são ditas, sensações diversas, outros sentidos por trás da rotina diária. Por uma vida mais acústica e valvulada.

wallace puosso

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Lábios de carne e pó

Tempo frio, lábios secos.

Não consigo me ausentar da paixão por placas,
Fotografo-as como se quisesse resgatar o passado.

A novidade estreita-se em mim
Quando regresso ao passo dos sonhos,
Malas estão sempre prontas
No jardim da minha estrada.

Tempo frio, lábios secos.

Mesmo com caneta falhando
Escrevi teu nome completo
E depositei um pedido no fundo do mar...

Tempo frio, lábios secos.

Vem, vem embora logo
Vai amanhecer e preciso te mostrar
A cor dos meus olhos empoeirados,
Eles ficam muito mais belos
Quando aproximam-se do fim.

Réginaldo Poeta

6 de setembro de 2010

A chegada do sol nos olhos de Deus

Sua pele joga a luz de volta para as estrelas

ela fitou-me os olhos, posso dizer
quase com certeza. Quase com certeza.
era uma entre muitos, e eu
era muitos dentro de mim. Latejando.
enquanto você passa, te sigo
com um fio brilhante de pensamento.
Sua pele joga a luz de volta para as estrelas.
Pelos caminhos em que sempre ando
seguirei com a presença dos meus
e você estará entre os seus, observando
a chegada do sol nos olhos de Deus.

Oswaldo Jr.

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nenhuma linha no horizonte (ou deus não joga dados)

Na impossibilidade da sorte
jogo xadrez
de olhos bem fechados
casa quatro com a três
a torre avança (e xeque mate!)
deus não joga dados
nem traça linhas-de-fuga com giz
e seu olhar nunca mente
quando você finalmente diz


a noite cai por toda parte
viver deixa de ser aventura
pra virar uma arte
é preciso coragem até pra crer
e seguir em frente
falar sobre certas coisas
sobre algo que poderia vir a ser

na impossibilidade de ser feliz
rascunho poemas
faço poemas de amor
que nunca serão lidos
letras de música
onde não cabem uma nota sequer

tarde, bem tarde da noite
uma noite qualquer
sempre o mesmo sonho
a mesma paisagem
corro e nem sei mais do quê
no telefone ocupado
sempre a mesma mensagem

na impossibilidade de prever
uma jogada prescrita
uma promessa que se vai
o que o futuro tanto grita
grito mas o som nunca sai

nossas crianças ainda estão por aí
à espera de esperança
(qualquer que seja)

wallace puosso

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Pós-nuvem

Daqui de cima
O sol parece ser bem maior,
E o brilho dos raios no mar
Deixa os olhos de deus
Com uma cor suave perdão...

Réginaldo Poeta

3 de setembro de 2010

FOTO OBAMA COMO TEMA




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Cavalos de Tróia

Entregues dentro do território inimigo
chegam carregados de todos os perigos
os novos cavalos de Tróia.
Logo agora, droga, logo agora

que estamos por cima como nunca estivemos
que afinal nos mostram respeito
nos recebem em lugares bacanas
e não fazemos mais papel de otário.

Duas mil toneladas de lixo inglês
e outras tantas de chumbo americano
nos mostram que não somos mais o quintal do mundo.
Somos o aterro sanitário.

Oswaldo Jr


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o sorriso do coringa


a primavera da nossa juventude refletia
(ou pelo menos deveria)
o frescor daquela cidade quase intocada
quando éramos só vagabundos
(no belo sentido da palavra)
querendo viver o melhor do mundo
não deixamos de ir além, ao contrário:
a cabeça fervia, o espírito saltava
tínhamos paixão e vigor e poesia

quantas e quantas vezes – hoje você fala
ficávamos espalhados pelo chão da sala
rindo feito loucos (de quase nada)
enquanto o mundo explodia à nossa volta?
ao ouvir aquela música dos anos 70
e desejar as meninas do colégio
saltando os dias como o relógio
do coelho louco de Alice
quando se é mais feliz do que a felicidade aparenta

e, se por acaso, um de nós partisse
era uma parte que sempre faltava
na maquinaria da amizade
o mundo dá voltas e gira ao contrário
contamos o fim de trás para frente
hoje você rebobina a rotina e quase nem sente
não foi o mundo que mudou, mas você

no último discurso – sempre irretocável
você prometeu uma nova ordem
mas nossa vida anda tão bagunçada
que às vezes é impossível enxergar um palmo
à frente daquela barricada
já não rimos mais – diria o Coringa ao seu assessor
enquanto despacha futuros fúteis no Salão Oval

e o que era pra ser eterna primavera
desabrochou como folhas espalhadas pelo chão
notícias de jornal, músicas pela metade
poemas sem final,
e o que sobrou da saudade
está preso aos porta-retratos, aos cartazes de teatro
e os panfletos colados em postes pela cidade

wallace puosso

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Sorriso Cool

Você ri; ri numa versão 4 x 4
- versão mais irônica que já vi...
- versão que sobe montanhas...
Quase bati o carro quando te vi
Exposto assim, tamanho família...
Não teria outro modo de mandar o recado?
Você nem percebe
Mas tua boca ainda guarda as cores
da nossa bandeira...

SOCIALISM!

Era bem assim que gritavas
Quando começávamos a brigar...

SOCIALISM!

Vamos voltar pro jogo?
O semáforo tá verde...

Réginaldo Poeta

1 de setembro de 2010

RUNA

Mística

Rolaram uma vez
Única e forte
Na mesa, as runas
Azar e sorte.

Oswaldo Jr.

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filme mudo

Às vezes
acho que você escreve pensando em mim, sabia?
Depois de tanto tempo, ainda tento me enganar
bobagem, pra que isso?
Não é por mim que o seu coração bate mais forte

Pra que serve o mapa astral que fiz?
não entendo nada daquilo
lá diz apenas que serei feliz
mas todos os mapas dizem isso
o que temos é apenas lembrança
e estamos sempre querendo mais
você já reparou?

hoje tive vontade
de passar na sua casa
coisa de oi, abraço e beijo
mas pode ser que você não esteja mais lá
ou talvez esperando por outra pessoa
quem poderá saber?

a engrenagem da amizade
é a imagem que fica projetada
na parede da memória
o resto, é apenas e somente história
como um monte de tijolos empilhados
no eco seco do pós-guerra

mas é claro que não é por isso
que estamos aqui

O copo encheu até a borda
isso você já sabia
mas na verdade, o que eu queria
era um dia de sol num copo d’água

Pra que servem os poemas?
Pra servem as promessas?
Pra quem escrevemos tanto?

O mais belo de um filme de amor
é o silêncio que fica
enquanto os amantes se beijam.

Wallace Puosso

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Poucas roupas e um sonho

Runa aos 19 anos
Fugiu de São José do Egito
No estado do Pernambuco
Com um Holandês de olhos cor de montanha.

Runa levou quase nada,
Apenas um rio de saudades e uma cachoeira de conselhos.

Hoje declama versos tristes
No estrangeiro...

Réginaldo Poeta