10 de setembro de 2010

O VOO DA SERPENTINA

O mapa da mina

Jogo, jogatina
Serpente, serpentina
Tudo coisa que se atina

Café e cafetina
Vaso, vaselina
Matou dois por uma rima

Nara e narina
Vaga a vagina
Tá forçando a menina

Creta e cretina
Uso e usina
Viajar é coisa fina

Conta contamina
Cara e carabina
Um poema e sua sina.

Oswaldo Jr.

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belchior em slow motion


e ele, invisível, seguiu em frente, firme
com seu caderno de poemas pra cego
e suas melodias pra surdos mudos
carregadas de lirismo e beleza
ele, um velho poeta – o poeta entre muitos
presentes no imaginário deste ou daquele
eis minha melhor trilha sonora
toda manhã, o mesmo ponto de ônibus
a mesma rotina
na boca, o gosto do café
e a vontade de vencer na vida
é engraçado, parece que foi ontem – ele disse
ontem mesmo eu era outro
e tinha sonhos
e tinha planos
e sorria sem esforço
e era reconhecido nas ruas
parece que foi ontem
aquele amor do colégio
aquele que a gente não esquece
não porque fosse o primeiro
mas porque me despertara de um estado imberbe
isso não faz o menor sentido – disseram um dia
“obrigado, chamaremos você em breve!”
então a fila anda
ele só queria mais uma chance
que a poesia pudesse ser de novo ouvida
e sua música
ele só queria um amor – um amor que fosse
um fardo um pouco mais leve
alguém que não olhasse através dele
“tudo o que aprendemos é bagagem”
já disse alguém num boteco qualquer
entre umas e outras
pois é. com dinheiro tudo é mais fácil
eis que um poeta - mais um entre tantos
se foi, sorrateiro em manto de silêncio e só
e nós aqui, torcendo (sempre)
pelo próximo capítulo da novela das 8

vida mais besta essa

Wallace Puosso

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olhando pra trás enxergo o futuro que chegou


Acabo de sair de uma festa,
Observo meu rosto ainda vermelho
Coberto de restos de beijos...

Onde me perdi?
Onde foi parar minha sensatez?

Observo-me como um ser
Despregado de mim,
Cheio de dúvidas e cortes.

Onde me perdi?
Onde foi parar minha lucidez?

O voo da serpentina foi rasante
E quando percebi
Já estava frente-a-frente
Com a perigosa curva...

E o dia enfim
Nasceu nos meus olhos,
Clareando o porão...

Réginaldo Poeta

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