16 de agosto de 2010

VIRTUAL

Retratos de amor e abandono

Dia desses encontrei-a
como há muito não a via
terna, saudosa,
dependente do amor que eu lhe tinha.
Eram mesmo seus olhos
a me olharem com tanto ardor?
A distância, querida, fez bem aos olhos seus.
Fez bem ao seu corpo, incendiou suas vontades.
Mesmo o sol,
brilha em sua pele como há muito não fazia.
Vem, estou pronta,
leio nas mãos que me estende.
Sonhei contigo e não suporto sua ausência,
enxergo no olhar que me rende.
A distância que mata é a mesma que aquece.
Você nunca esteve tão perfeita,
ou há delírio naquilo que vejo?
Eu nada sinto ou vejo além do que desejo.
Eram mesmo seus olhos
a me olharem com tanto ardor?

Oswaldo Jr.

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virtual

Você me disse
que não sou mais o mesmo
e acho que não sou mesmo
nem me lembro mais
de cartas escritas à mão
telegramas de felicitação
e longas conversas
quando ainda se usava olhar nos olhos
mas isso faz muito tempo.

Você me disse
que ando distante, ausente
orgulhoso, insolente
que não tenho mais saudade
acho que você tem razão
como o tempo que passa
e não pede licença
as coisas desbotam, amarelam
mas não deixam de ser lembranças.

Você me disse
que não sou mais romântico
e há muito tempo
não deixo a porta aberta
e nem o coração
acho que você está certa
mas ainda ouço vinil
e prefiro conversas ao vivo
penso que um amor só é possível
se erros forem deixados para trás.

Você me disse
que destruí seus sonhos
com minha palavra
e meu olhar ausente
e nem me dei conta
acho que é isso mesmo
hoje a gente ama e nem sente
acho que isso aponta
um outro sentido mais figurado
para o que acabamos nos tornando:

como um bicho acuado
em momentos de dor e solidão
ele grita, se debate e ataca
mas com coração ainda dócil
espera paciente um afago
um momento adormecido
um olhar mais terno
um abraço há muito esquecido.

Wallace Puosso

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doze horas; doze graus

Nada de sol.
Nada de banho;
Muito menos sorriso.

Mesmo depois de tantos anos
O frio continua pra mim
Um estranho vizinho.

Réginaldo Poeta

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