11 de outubro de 2015

TEMA 3: A MÚSICA MAIS LINDA DAQUELA VIAGEM (ZENILDA)


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a parte mais linda daquela música é você

De toda essa nossa conversa sobre tempo
cicatrizes, desejos e coisas utópicas
conversar (ainda) é o melhor
imagino flores num inverno rigoroso
sonhos em meio à trincheira
respostas de onde nem imagino
charadas difíceis de decifrar
provérbios em quase desuso
micro poemas sussurrados ao ouvido
melodias pelo seu corpo harmonia
palavras trocadas de lugar, de intenção

(vamos sair de mãos dadas pelo mundo
e deixar que o tempo componha sua parte)

Wallace Puosso


Andava gabando-se
conversava com Zé Miguel Wisnik,
tinha o número do celular do Lenine e 
trocava e-mail com Antônio Cícero.
Colecionava umas coisas esquisitas
dizia que o coração era fraco para músicas de saudades
tinha natureza ambígua 
contemplava coisas tangíveis.
Numa tarde febril de testamento médico 
encontrou um CD de gravação caseira 
numa caixa azul toda empoeirada

"É a primeira vez que você vai tão alto sozinha.
É a primeira vez que você vai tão alto sozinha!"

Elevou o som e chorou com Léo Mandi
perto da linha que margeia o mar.

Zenilda Lua


Para sempre a sua canção

Enquanto a estrada não finda, aguardo que anoiteça
Desligo o rádio do carro. Enfim uma chance de ouvir
Canções que eu talvez reconheça

Quanto mais bela a paisagem, mais difícil que eu te esqueça
Tudo tem seu fim, eu sei. Menos o que sei de você
E as melodias na minha cabeça

Oswaldo Almeida Jr.

  
Música para Viagem

Arrumou suas coisas
durante um ano inteiro.
Foi assim se despedindo
sem cerimônia ou rodeio.

Pegou seu escapulário bento
e o pendurou no pescoço,
mesmo não sendo tão fervoroso
melhor tê-lo por perto
em caso de caminho arriscoso.

Seriam tantas as novidades
nas suas próximas paragens
que dúvidas não tinha mais não;
deixara de lado as amenidades.

E assim
partiu na sua derradeira viagem.
Na despedida
pediu para que tocasse Paulo Leminski
e que essa música lhe guiasse...
Valeu amigo, valeu!

João Possidônio Jr.

2 comentários:



  1. “A música mais linda daquela viagem” virou um pomar de poemas.
    Um buquê decifrável de sustenidos e bromélias bem simples.
    Semana inteira corro em risco. Rabiscos, decretos, reparos e acenos.
    Cavouca daqui. Conserta de lá. E-mail vai. E-mail volta.
    Risonhas rugas sempre aparecem no final do desafio.
    Não é fácil conviver com os bons e esses moços desse “Demora”, são ótimos.
    Algumas vezes peço clemência e paciência. Eles me escutam, mas daqui a pouco já começam a cobrar baliza, agilidade e alinhamento.
    Quem que aguenta?
    Eu suspiro e recomeço a marcha.
    Quando vemos está tudo definido e eles são a própria felicidade que lindamente escreve versos e cantigas no seu encantador descuido.

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  2. São quatro: três cavaleiros e uma dama. Cada um com seus sons, referências, reverências... Seguem pela estrada. E aqui e ali percebe-se a presença do amor-amigo que segue ao lado deles e dentro de todos, sutil como a música mais linda desta viagem, lida: a Vida.

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