1 de novembro de 2010

ESPERANDO PELO QUÊ?

> tema sugerido por Guilherme Feital
_____________________________________________________

APEGO

Esperei até que ela parasse de se mover.
Um sinal de vida, um entreabrir de olhos,
um gesto qualquer que me dissesse
que não podia deixá-la ali.
Eu só queria um motivo. Apenas um.
O meu apego me dizia pra tentar
por mais frágil que ela fosse, tentar.
Em vão. Ideias antigas não saem do lugar.

Oswaldo Jr.

_____________________________________________________

vizione del silencio

Solidão e incomunicabilidade.
Em meio à aventuras ruidosas e roteiros óbvios que Hollywood produz, Antonioni destaca-se como poeta de imagens (plasticamente) bem elaboradas e filma o silêncio/solidão com uma desesperada elegância.
Na obra antoniana, o silêncio diz mais que mil palavras. Fina estampa.
"Vizione del Silenzio", assim Caetano inicia sua canção em homenagem ao mestre. Esquinas vazias, páginas em branco, poemas concisos. Sete versos, vinte palavras. Na ponte aonde se encontram a concisão da poesia cantada, com a perfeição estética gravada no celulóide, Caetano e Antonioni parecem afirmar: menos é mais.
O homem moderno parece ter perdido o sentido da palavra, do primitivo, da essência. Está condenado – como "Entre Quatro Paredes" de Sartre – ao vazio existencial e a ser consumido pelo tédio.
Ao contrário do cinema moderno, Antonioni é um artista do essencial, como poucos.
Mínimas palavras, cenas que dizem mesmo sem dizer.

wallace puosso

_____________________________________________________

Lâmpadas queimadas no jardim da infância

Essa dor ainda mora em mim
Por não ser capaz de atravessar
Às escadas dos meus dentes...

Réginaldo Poeta
_____________________________________________________




Raulito

_____________________________________________________

MEDOS

O tempo gira nos ponteiros do relógio
e nuvens passeiam diante dos teus olhos.

O que esperas encontrar além das pedras do caminho?
O que esperas das pedras?
E do caminho?Que esperas?

Neste minuto eterno
esperas o quê?

Que o azul se torne negro
e os teus olhos brilhem
como pirilampos na mata.

E quando o brilho dourado
acordar o mundo,
tua alma repleta de dúvidas
tenha coragem de caminhar

por entre as pedras
do caminho...

João Possidônio Jr.

_____________________________________________________

"O rio não espera"


Fábio Ramos

6 comentários:

  1. SONETO DA DESESPERANÇA

    Em meio a tantas desaventuranças,
    a espera é uma tortura permanente,
    pois quanto mais se espera, mais se sente
    que nada é feito, e essa ausência cansa.

    À espera de que a espera se defina,
    de mãos atadas a uma angústia lenta,
    a nossa vida é líquido que esquenta
    e aos poucos some no ar, como neblina.

    O Espaço é só a casca dessa noz
    : distância pouco afeta o mal vivido.
    Que seja, então, o Tempo nosso algoz

    : por mais que tudo tenha seu sentido,
    cada momento de espera é atroz
    e quem se desespera está perdido.

    ResponderExcluir
  2. Meus rapazes,
    Sou a mulher proibida pra vocês no way.
    Minha filha me disse que, quando gosto de algo, viro mala.
    Perdão, homens de São José dos Campos! Perdão, Alice! Perdão, mundo!

    ResponderExcluir
  3. Esperar a segunda-feira está se tornando um hábito [só não viro mala como alguém porque leio o blog no Google Reader e acabo esquecendo de vir aqui parabenizá-los...digamos que eu me torne uma necessaire ;)].

    O que mais aprecio é a variedade de 'vozes' abordando um mesmo tema. Não dá nem para dizer qual se sobressai; cada qual é mestre no seu 'métier'.

    Abraços!

    ResponderExcluir
  4. Como concretizar um comentário se os mais sublimes abstratos se manifestaram aqui nessa postagem?Posso apenas findar meu elogio na simplicidade de;maravilhoso,obrigado.
    Robson Lanziloti

    ResponderExcluir
  5. Parabéns por todas as formas de comunicação!

    Se me permitem....
    "Viver é não perder tempo, pois o tempo não para no porto, não apita na curva nem espera ninguém".

    Abraços.

    ResponderExcluir
  6. Esperando pelo quê?
    Pelo Erre, Éfe,Jota, Dablio e O.
    Toda semana agora é assim: versos de vida que
    nos cerca, estimula e inspira.
    Vou chamar a Jura a Valéria Tarelho e outras preferidas para fazermos o Chega sem Demora um blog de gênero oposto e de suave ardor.
    Parabéns meninos!

    ResponderExcluir