27 de dezembro de 2010

O último pôr de sol no jardim da Irene

Tema sugerido por Réginaldo Poeta.

Próximo e último tema: Depois da festa, o que tem na lata de lixo?
_____________________________________________________

PRECE

Nos seus momentos mais tristes,
que você não se desespere.
Nos seus momentos de glória,
que a certeza do infortúnio
não lhe abandone o pensamento,
pois a alegria nos é cara
porque conhecemos a dor.
Que seu caminho seja farto,
mas que dele você se desprenda
sempre que o futuro lhe pesar.
Que você esteja entre os que ama
e que nunca, nunca sofra
por quem ao longe estará.
Que você compreenda a maldade
e saiba matar o mal que há em si.
Que seja forte o bastante
para enfrentar o que nunca enfrentou
Mas que você não esteja sozinho
quando um grande alguém se for.
Que você não esteja sozinho
quando um grande alguém se for.

Oswaldo Jr.

_____________________________________________________

Hera

Arrumou cuidadosamente a bolsa: chaves, carteira, batom, creme, estojo de óculos, um pequeno livro de pensamentos. Última vista no guarda-roupas ainda cheio. Levaria apenas o que estava vestindo. Nada mais. Atravessou a casa ecoante e, ao adentrar o jardim, sentiu-se Eva. Deixou-se tomar pelo ar puro, as águas cristalinas e as heras que subiam por suas pernas fazendo-lhe calor e desejo.

wallace puosso

_____________________________________________________


Leve.

Leve todos os meus cílios.

Deixe.

Deixe pelo menos o brilho dos meus olhos
Posso precisar dele
Assim que você resolver voltar...

Réginaldo Poeta
_____________________________________________________

EPICUROu


SOL
TO
Batom na Boca
IR
E
NEm que encontre ARTE
que chame a SORTE
mate a MORTE
e vá prá MARTE
IR
E
NInguém VIR
IR e VER
IR e VIR
Sem Pedir
Ficar e Voar
IR
E
NEm a alma deixar

Raulito

_____________________________________________________

Ode a Irene

Existem dois modos de observar as coisas:
Pelo olhar dela ou pelo nosso olhar

Existem, basicamente, dois modos de sentir
o que é observável:
Triste ou Alegre,
Ou Irene.

Existem gradações,
mas não falamos disso agora

Não agora, eis que o momento é decisivo.

Irene vê pelo lado dela, o lado de lá
Irene ri, como na velha música

...


Cadê Irene? ...


Fábio Ramos
_____________________________________________________

TRABALHE COM A GENTE

Derradeiro pôr de sol,
último anoitecer desempregada.

A luz do dia acabando
enquanto o perfume das alfazemas vai invadindo o jardim.

A partir de amanhã
Irene será outra pessoa.
Ela vai irradiar maravilhas!

Pudera; passou no teste para trabalhar como caixa no supermercado. Fazia tempo que ela andava atrás de emprego.
A vida de desocupada, pidona, mal-arrumada, mal-acompanhada, sem-ter-o-que-fazer, chegara ao fim... afinal.

Último pôr de sol
naquele jardim como uma qualquer.

À partir de amanhã,
Irene, será outra mulher.


João Possidônio Jr.

20 de dezembro de 2010

Cidades

Tema sugerido por Fábio Ramos.

Próximo tema: O último pôr de sol no jardim de Irene

_____________________________________________________

DOIS GAROTOS AOS DEZESSEIS

Lutávamos por mais coisas.
Coisas demais, talvez,
para jovens aos dezesseis.
Mas imaginávamos que paisagens
e poemas pintados no muro
poderiam mudar cidades assim.
Quem sabe, tantos poemas
quanto folhetos jogados nas ruas
em época de eleição.
Pessoas cruzando poemas ao passar,
mensagens de amor no outdoor
a caminho de um lugar qualquer.
Mas o quê!
Cidades não se permitem sonhar.
Os seus passantes sim,
e nós não queríamos esperar.
Sabíamos que não estávamos sós.
Quando falávamos com a cidade
deixávamos de habitá-la, e ela
passava a habitar em nós.
Fazíamos quase sem pensar.
Dois garotos aos dezesseis,
latas de tinta nas mãos
e um muro grande para pintar.

Oswaldo Jr.
_____________________________________________________

diálogo matinal

Pensei numa coisa
hummm...”
ela ainda nem tinha aberto os olhos
manhãzinha, garoa e preguiça
música gospel vindo da casa vizinha
que tal viajarmos para o sul?
hummm... tô sem dinheiro
racional como sempre
a gente usa o cartão
o meu ou o seu?
(...)
ei, é brincadeira...!
ele só queria sair daquela cidade de merda
pensou, mas não disse
fui multada ontem
puts... de novo?
terceira vez esse ano, maldita fábrica de multas
contribuindo pra prefeitura espalhar
mais fontes pela cidade, é?
não tem graça
agora ela estava bem acordada
essa semana recebi mais dois emails
daquele cara maluco

o que vive dizendo que vai se matar?
hum hum
essa cidade só tem gente maluca mesmo
ai que tédio
e a viagem?
que viagem?
dando de desentendida, sempre
muda de assunto
teve manifestação artística no sábado
hum hum
o seu amigo Antonio Conselheiro estava lá
quem?
nem percebeu a ironia
não sabia o que era pior
uma cidade que é um tédio
uma namorada que é uma porta
ou se o problema era ele
que andava sem saco pra nada

wallace puosso
_____________________________________________________


"A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o debaixo desce"

Chico Science

A Idade da Cida Idade da Cida Idade...

Aos 13 anos, no ano de 1979
Cida deixou sua cidade no estado do Piauí
E veio com sua família morar em São Bernardo do Campo/SP.

20 anos depois
Ansiosa,
Cida voltou pra visitar sua cidade natal
E pôde conferir o quanto tudo havia mudado:

- pessoas
- paisagem
- programação nas rádios
- gostos
- gestos...

Pôde também observar e se chocar
Com a construção de dois prédios enormes no centro da cidade.

- dois dentes grandes nascendo na boca gulosa da especulação imobiliária –

Cida voltou decepcionada pra São Bernardo do Campo.

E se questionava:
É certo condenar esse tipo de evolução?

É certo a cidade mudar tanto sem consultar
O coração dos seus habitantes?

Réginaldo Poeta

_____________________________________________________

INTELECTUMULO (diálogo com Oswaldo Jr.)

Como se fosse uma tenda Guarani
Todo domingo a gente vem dançar aqui
Assenta a poeira com os dois pés no chão
Sinta o tambor batendo no coração

Quanto custa um brinco Guarani?
Quanto custou a alma deste povo daqui?
Quanto custa um livro da cultura Guarani?

Quem ilustra?
Quem aplaude?
Quem só degusta?
Ou se assusta as custas
Da beleza-miséria Guarani?

Povo daqui
Guarani
Povo dali
De acolá

Sem terra pra dançar
Sem terra pra plantar
Sem terra pra brincar
Sem terra pra caçar
Sem terra pra orar aos deuses Guarani

Brinco Guarani
Tenda Guarani
Livro Guarani
Alma Guarani

Raulito

_____________________________________________________

Geomemória

Campo-baldio
muro-estrada
torres-árvores
Teto-céu

Cartografia de infante
signos de outra cidade
ocupada pela verdade
de um primeiro coração.

Fábio Ramos
_____________________________________________________

FUGITIVO

São linhas claras
definidas num mapa,
espaços conhecidos
onde nada se escapa.

Perdí-me em ruas
becos e saídas.
Achei-me em braços,
lixo, prostitutas.

Ví-me nas janelas dos prédios.
Nas vitrines pareci rei.
Desenhei-me nos espelhos.
Nos altares não entrei.

Na multidão sendo levado
peguei o caminho errado.
Segui para longe de mim mesmo
sem carinho ou qualquer cuidado.

Diluí-me neste anonimato.
Vendi minha identidade.
Tornei-me sem perceber
fugitivo nesta cidade.

João Possidônio Jr.

13 de dezembro de 2010

Educação

Tema sugerido por Vanessa de Lima, docente do Senac

Próximo tema: CIDADES
_____________________________________________________

Olho no Olho

na próxima vez
em que se aproximar tanto assim
prometo que perco o tato.
Jogo no lixo todas as minhas
delicadezas e os cuidados,
troco o temor pela desmedida,
a dúvida pelo fato,
arrisco.
Na próxima vez em que falar tão perto assim
digo que não respondo por mim.
Na próxima vez,
perco a polidez.

Oswaldo Jr.

_____________________________________________________





Obs.: Para ver a imagem ampliada, favor clicar sobre a foto

____________________________________________________

Di-vi-dir
Se-pa-rados
Se-pa-rar

Desculpem
Mas nesse mundo extremamente capitalista
O que mais aprendi
Foi somar...

Réginaldo Poeta
_____________________________________________________







Obs.: Para ver a imagem ampliada, favor clicar sobre a foto

_____________________________________________________



AO MESTRE COM CARINHO

"Conta uma dessas lendas urbanas que certa feita, um grupo de brasileiros em viagem ao Japão foi visitar o palácio do imperador e teve a sorte de receber permissão de adentrar no salão imperial onde o mesmo iria receber os visitantes. Tiveram a instrução de se curvarem na presença do ilustre homem e não lhe dirigirem o olhar até segunda ordem. O organizador das visitas perguntou se no grupo havia professores, os quais, após identificados, foram instruídos para permanecerem eretos, diferentemente do restante do grupo.
O imperador ao entrar no salão recebeu as honras dos visitantes, que se curvaram a ele como orientado. Logo em seguida, virou-se para o grupinho de professores e ele, imperador do Japão, num gesto de grande reverência, curvou-se aos mestres oferecendo-lhes o respeito e o reconhecimento àqueles que se dedicam em instruir e formar os futuros cidadãos no mundo."

EDUCAÇÃO

No Brasil ...
Pena que falta educação.
Pena com a falta da educação.
Pena da educação.

Penamos todos!

Que falta faz ...
entendermos
o exemplo do Japão.


João Possidônio Jr.

_____________________________________________________

Sabedoria

Há a desvelar o que foi descoberto?
A surpresa está em mim ou no objeto?
Sinto-me vivo, portanto existo?
Penso, portanto vivo?
Existo e penso,
Logo conquisto?
Minha vida sistematizada, estruturada, organizada,
- Ou o mundo é que é assim?

Fujo de quê, corro pra onde?
Quem vai responder às minhas perguntas?
Posso viver com emoção?
Qual o limite, que sentimento,
Como acontece a temperatura do sol?

Quando não mais precisarei mais disso,
Quando finalmente serei eu meu mestre?

Que é sabedoria?
Que é sabedoria?
Que é sabedoria?


Fábio Ramos

7 de dezembro de 2010

O que é que tem no sótão?

Tema sugerido por Braga Barros.

Próximo tema: Educação
_____________________________________________________

FADE OUT

- "Havia algo que eu pudesse ter dito"?
- "Não, acho que não", ela disse.
- "Que eu pudesse ter feito, pra, sei lá..."
- "Não se trata disso, eu..."
"Tudo certo. Vamos dar às coisas o tempo das coisas", ele disse,
enquanto pensava em uma última frase que pudesse dizer e que
o faria lembrar-se daquela cena para sempre. Ele sabia que,
muito em breve, estaria guardando mais uma caixa de lembranças
em meio a tantas outras, que lhe contavam histórias que ele
não queria esquecer.

Oswaldo Jr.
_____________________________________________________

brilho eterno de uma mente sem lembranças

molduras de porta-retratos
diários em branco
poemas em guardanapos
fotos amareladas
postais desbotados
cartas pela metade
uma flor prensada
entre as páginas de um livro
num lugar chamado saudade

wallace puosso
_____________________________________________________

Um olhar capaz de atravessar o túnel 65

Aquele homem que todos os dias chega e se esparrama no sofá, sem sequer pensar na carência das flores. Aquele homem que evita revirar o sótão com medo de se encontrar em objetos perdidos e empoeirados. Aquele homem que é respeitado nos grandes centros comerciais por nunca ter arrumado confusão por trocos não recebidos, mas que em casa provoca a paz do seu filhinho por não ter devolvido umas moedas que sobrara da compra do pão da manhã. Aquele homem que adora caminhar, sem buscar o padrão de qualidade física aceitável nas passarelas da vida, mas que busca simplesmente a essência de um ar puro e que se esforça pra entender a delicadeza das pedras. Vi aquele homem se olhando no espelho e pasmem! Aquele homem se parece muito comigo.

Réginaldo Poeta

_____________________________________________________

Dê Lírios

Azulejo, piso
Peça pra reposição

Muito beijo, branco queijo
Peça para o coração

Ar puro, afresco

Leve-leve
Meu endereço

Raulito
____________________________________________________

E tudo o que ele havia secretamente
guardado como garantia de manutenção
da ordem de seu universo, agora não servia
a nada, não fazia mais sentido.
Fechou a página do livro e pensou: Que bom.

Fábio Ramos
_____________________________________________________

ALGOZ

Foi fácil abrir a portinhola que dá para o sotão da casa onde morou por 27 anos com os seus pais. Agora, que a casa estava para ser vendida, ele resolveu buscar algumas lembranças guardadas lá por tantos anos.
Ainda bem que era inverno e era suportável ficar lá em cima, mas no calor do verão não se aguenta ficar cinco minutos lá sem suar em bicas.
Foi fácil encontrar a caixa de papelão já corroída pelo tempo e pelas traças.
Foi fácil abrí-la e rever aqueles brinquedos velhos, relíquias sem preço, tesouro quase intocável. Eram carrinhos de plástico, bolinhas de gude, pião, pedaços de um forte apache com indiozinhos e cowboys em miniatura. Tinha também um tabuleiro de xadrez, um baralho faltando cartas e o inesquecível caminhãozinho de madeira...
Foi fácil perder-se no tempo e viajar mais de 50 anos até a sua infância...

Difícil foi fechar os olhos naquela noite.
Impossível foi dormir.
Foram tantas as lembranças que passaram pela sua cabeça que as lágrimas não paravam de brotar dos seus olhos.
A certeza de que a infância passou rápido demais e ele não se dera conta do quanto.
Durante todos esses anos nem ao menos a trouxe para perto de si para acalentar o caminho do homem adulto. Não fazia citações nem contava histórias para arrancar risos entre os irmãos, primos ou das outras crianças que hoje estão na família.
Deixou a sua infância guardada naquele sotão, empoeirando junto com aqueles brinquedos.

A noite arrastou-se sem pressa. O relógio tic-tacteava como a dar-lhe golpes na cara.

O sotão na cabeça de cada um não perdoa o tempo perdido.

João Possidônio Jr.

29 de novembro de 2010

Minorias

Tema sugerido por Wallace Puosso (tema que surgiu do texto de Zakariya Amataya)

Próximo tema: O que é que tem no sótão?
_____________________________________________________

Sob o chão de nossa terra
jaz o povo guarani.
Por cima, a imagem que berra:
Torii, torii, torii.

oswaldo Jr.
_____________________________________________________

um dia de sol num copo d'agua


Então ele acordou - soluçando
no meio da madrugada
(silêncio)
copo d'água e exame de consciência.
"O que você estava esperando"
disse o Coringa ao homem-morcego
"a piada já perdeu a graça, você sabe".
Tem gente roubando meu espaço
tomando meu vinho
desejando minha mulher.
"Não há razão para pânico"
anunciou solene a voz metálica
nos corredores do shopping em chamas
de mãos dadas aquele casal se salvou.
Vivemos tempos estranhos
"Para de rir, por favor"
sussurrou à namorada
enquanto contavam dinheiro à entrada do motel
(o amor, às vezes, não pode ser parcelado)
quero (e preciso) me manter acordado
ainda espero um sinal (qualquer que seja)
o que importa, é estar ao seu lado
você sabe
a saudade
é a fragrância da memória.


Wallace Puosso

_____________________________________________________




Réginaldo Poeta
_____________________________________________________


A cruz de aço impede calientes afagos
Compreendes o torno no espaço?
Faíscas, estardalhaços

Consomes duas vezes por dia a ira?
Três vezes à noite a candura?
Usas o que procuras? De saias sem blusas?

Ao norte agruras, ao sul sorte
Sou contra o porte, a favor da vida e da morte, do alho e óleo, da oratória e do oratório

Devolves as luvas aos pobres, dos ricos esnobes
Confortes a quem a mão te estende, a quem as balas te vende, a quem os olhos te pede:
abraces bem leve (como leve pluma muito leve, leve pousa)


Raulito
_____________________________________________________

Espetaculosamente
a multidão vibra em sopro
de incansável festa, alegria.

Misteriosamente
uma figura madura
permanece inerte, em outro canto,
sem o medo-fantasma
de morrer podre, ou não
ser aceito, ou volter à terra,
vazia.


Fábio Ramos

_____________________________________________________

SENTENÇAS

Aquilo que excluo,
aquele que condeno,
não me é igual;
não pensa como eu penso.

Nego-lhes direitos,
subtraio oportunidades.
Defino a sentença
com base nas minhas verdades.

Sou freio no mundo,
fomento a desigualdade.
Dói no meu peito
tamanha futilidade.

Tomara que não seja tarde.
Um dia me corrigo.
Aquele que deixei à parte,
ainda quero chamar de amigo.

João Possidônio Jr.

22 de novembro de 2010

Mistérios

> Próximo tema: Minorias, sugerido por Wallace

E por falar em Mistérios, depois de lido os poemas, se quiserem, degustem esse lindo som do Renato Teixeira

_____________________________________________________

No princípio,
era o verso.

Coisa louca, o mistério da criação.


Oswaldo Jr.

_____________________________________________________


(antes de tudo)

pós-fácil:
serei póstumo
à palavra (não-dita)
porque (antes de tudo)
antes que o verbo o fosse
antes
(da própria palavra)
havia
havia o silêncio
e o silêncio
já o dizia

wallace puosso
_____________________________________________________

Jogos de Viver

- esquerda; direita
- aberto; fechado.

Qual o mistério de uma paixão?

Dalila?
Sansão?

--------------------------------------------

Te observo; te analiso; cervejo.

Que mistério de vida é essa?
Por favor me explique:
De onde vem o desejo?

Réginaldo Poeta
_____________________________________________________

Sentados à beira da calçada esperavam apenas pelo doador. Sangraram até o último corte. Brincaram até o derradeiro acorde. Foram surpreendidos pela súbita aderência. Introduziram o espectral primevo. Penetraram fractais, luzeiros e formóis.

Renasceu: lilás.


Teu olhar invadiu
Todo eu me abriu

Minh’alma expandiu
Tinh’algo de ti
Ninh’ouves a sós
Vinh’outro algoz

Libélulas lilás
Um toque capaz
De abrir portas, portais

Presente estás
Espelhos, vitrais
Bem me faz.

Raulito
_____________________________________________________

Minha lista de Mistérios

Duas impossibilidades, a começar minha lista de mistérios:
A certeza do Tudo ter surgido do Nada - como esperam os místicos, ou
ou o fato desse mesmo Tudo Sempre Ter Existido – como aspiram os céticos.

Misterioso é o canto dos pássaros exatamente às cinco e pouco da manhã
Misteriosas as letras Y, W e Z do alfabeto greco-latino
- Ou os ideogramas, com seu apelo estético.

Misterioso, o homem, com sua linguagem estruturada,
se desestruturando por causa de tal armadilha de lobo.

Misteriosa é a nossa cultura utilitarista, que procura funções ao poema
Nossa cultura maniqueísta que acredita em telenovelas e no dia do
pagamento do salário, no dia do juízo final
Misteriosa é a nossa fé, barganha sincera que crê na hipocrisia.

(Nem um pouco misterioso é o fato de tudo existir sem a exigência
da presença do homem ou de seu reconhecimento).

Misteriosa é a perpétua mania de buscar definição a tudo e a todos
Misteriosa é a saga dos seres microscópicos, das bactérias, das larvas, dos átomos
São suas motivações - se é que existem e cumprem essa tarefa

Misteriosos são os glaciais e a transição a quaisquer dos mundos
Misteriosa é a necessidade de associar beleza a mistério

Misteriosa é a vida ser tão breve e bela.

Fábio Ramos
_____________________________________________________

OUTROS MUNDOS

Daquilo que sei
não acredito;
do que acredito
nada sei.

Gotas de chuva
são mundos explodindo
no derradeiro momento
do ocaso vespertino.

Vozes que ecoam
pelas ruas vazias
murmuram o segredo
do universo.

O tempo que palpita
no elástico infinito
dos sonhos sem compromisso,
voa depois que acordamos.

Verdades sem dono
tronos sem rei.
Quando tudo passar,
pra que mundo irei?

João Possidônio Jr.
_____________________________________________________

15 de novembro de 2010

Nossa mania de artista

> tema sugerido por Luiz Felipe Rezende - próximo tema: Mistérios, sugerido por...
_____________________________________________________

Inacabado e Renitente
construído a duras penas
Sou eu, rascunho de mim
a cópia dos meus poemas.

Oswaldo Jr.

_____________________________________________________

vida de poeta
é como biografia
de furacão

Wallace Puosso
_____________________________________________________

A manifestação sombria de um palco incolor

Doze cordas
E a textura do meu corpo já não é a mesma...

Deliro com a possibilidade de um novo sucesso

- uma nova existência –

a vida que vivo hoje
Não é a vida que realmente vivo
É uma vida que em mim se inventa.

ginaldo Poeta

_____________________________________________________



____________________________________________________

Nenhum estranhamento de espírito

Embora constante a sua busca
Ciência e inércia diversa
Tirados da caixa de pandora
Pra servirem de refeição pro almoço
Mania de artista, domando a vida.

Fábio Ramos

____________________________________________________


GRITOS DA ARTE

São os que são
mais fortes
do que o decidir da razão.

O artista escreve,
finge, canta,
inventa, dança,
declama, rabisca.

Não consegue
conter a arte...

e nem a arte
contém o artista.

João Possidônio Jr.

8 de novembro de 2010

Hai Cai Pira

> tema sugerido por Raulito
_____________________________________________________

Manhã de outubro.
Flores dão cor ao caminho
Pouso de Sabiás.

Oswaldo Jr.

_____________________________________________________

Naquele lago
coruja espreita e pia
em tempo vago

Wallace Puosso
_____________________________________________________

Upload Primavera

A árvore dá
Sombras e frutos férteis
Flertando o sol

*************

A borboleta
Voou certeira sobre
A noite longa

Réginaldo Poeta

_____________________________________________________

Nem fax, nem telefonema
Ó de casa!
Prosa, café e poema

Raulito
_____________________________________________________

No ciscar simples
da galinha caipira
o ritmo da roça

João Possidônio Jr

_____________________________________________________

O mio verde
óia embonecada
muié que suspira.

Fábio Ramos

1 de novembro de 2010

ESPERANDO PELO QUÊ?

> tema sugerido por Guilherme Feital
_____________________________________________________

APEGO

Esperei até que ela parasse de se mover.
Um sinal de vida, um entreabrir de olhos,
um gesto qualquer que me dissesse
que não podia deixá-la ali.
Eu só queria um motivo. Apenas um.
O meu apego me dizia pra tentar
por mais frágil que ela fosse, tentar.
Em vão. Ideias antigas não saem do lugar.

Oswaldo Jr.

_____________________________________________________

vizione del silencio

Solidão e incomunicabilidade.
Em meio à aventuras ruidosas e roteiros óbvios que Hollywood produz, Antonioni destaca-se como poeta de imagens (plasticamente) bem elaboradas e filma o silêncio/solidão com uma desesperada elegância.
Na obra antoniana, o silêncio diz mais que mil palavras. Fina estampa.
"Vizione del Silenzio", assim Caetano inicia sua canção em homenagem ao mestre. Esquinas vazias, páginas em branco, poemas concisos. Sete versos, vinte palavras. Na ponte aonde se encontram a concisão da poesia cantada, com a perfeição estética gravada no celulóide, Caetano e Antonioni parecem afirmar: menos é mais.
O homem moderno parece ter perdido o sentido da palavra, do primitivo, da essência. Está condenado – como "Entre Quatro Paredes" de Sartre – ao vazio existencial e a ser consumido pelo tédio.
Ao contrário do cinema moderno, Antonioni é um artista do essencial, como poucos.
Mínimas palavras, cenas que dizem mesmo sem dizer.

wallace puosso

_____________________________________________________

Lâmpadas queimadas no jardim da infância

Essa dor ainda mora em mim
Por não ser capaz de atravessar
Às escadas dos meus dentes...

Réginaldo Poeta
_____________________________________________________




Raulito

_____________________________________________________

MEDOS

O tempo gira nos ponteiros do relógio
e nuvens passeiam diante dos teus olhos.

O que esperas encontrar além das pedras do caminho?
O que esperas das pedras?
E do caminho?Que esperas?

Neste minuto eterno
esperas o quê?

Que o azul se torne negro
e os teus olhos brilhem
como pirilampos na mata.

E quando o brilho dourado
acordar o mundo,
tua alma repleta de dúvidas
tenha coragem de caminhar

por entre as pedras
do caminho...

João Possidônio Jr.

_____________________________________________________

"O rio não espera"


Fábio Ramos

25 de outubro de 2010

Nossa Língua Brasileira

> tema sugerido por Ana Furtado (Aninha)
_____________________________________________________

NAUM

Kd a minha lingua
sumiu, kd vc
Naum estah no q eu leio
naum estah onde se v
Se t escrevo como lembro
ninguem ha de entender
Pq qto + eu tento
menos entendo o pq
Se hj jah eh dificil
amanha espere pra v!
a blz vai msm embora
da lingua d td hora
e vc nd tem a fazer.

Oswaldo Jr.
_____________________________________________________

poética

esperanças parecem cruzar os céus dos brasil nesses tempos de tiroteio político-retórico mas esse é um país de muito fôlego e tantos severinos / josés / franciscos / marias (e quantas outras alegrias) aliás um país que já foi promessa de futuro e o futuro chegou e agora josé, alguém já disse: ser brasileiro é poder ser um pouco joãogilbencaê ahhh... adorável rio de janeiro de todas as copacabanas / ipanemas / leblons (e as cariocas sempre lindas) aliás, todos os caminhos parecem mesmo levar a são cristo redentor que continua de braços abertos e olhos fechados para a cidade-caveirão mas inerente a tudo isso, é preciso ter força, ter raça porque esperança é igual gangorra: sobe / desce / sobe / desce e (sempre) dança na corda bamba de sombrinha e por falar nisso, a saudade tem o sorriso e a cara bonita de elis e ao que tudo parece, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais, em torno de cidades caladas, mudas de perplexidade, respirando dinheiro e trabalho e tentando fazer poesia, fazer da alegria meta a ser alcançada, besteira, drummond um dia foi (e ainda é) ponto de referência na carência turbulenta da sociedade, uma bússola, instrumento de sensibilidade, o poeta presente criando o tempo futuro, um futuro que já teve tom e vinícius de todas as paixões e canções, as mulheres de atenas hoje andam pela vida, em cada esquina, em cada luta diária, em cada alma um país diferente: hilda, cecília, cora, lígia, clara, rita, gal, bethânia o brasil tem alma feminina e isso, é o que mais me anima em meio a essa sina de país que nunca nunca acontece.

wallace puosso
_____________________________________________________

dENTRO

Encontrei uma palavra
Dentro do EsGotO

Encontrei até palavra dentro da paLAvRa

- continuei com a pesquisa –

Acabei encontrando uma outra palavra
Dentro da palavra nutRICiOnisTA

Não foi difícil encontrar uma palavra dentro da MOLezA

Encontrei uma palavra dentro em FORMigA

E por fim, esquentei a temperatura
Encontrando uma palavra dentro da FoguEIRA

É por essas e outras que sou amarradão
Na Nossa Língua Brasileira!!

Réginaldo Poeta
_____________________________________________________

"Si qués, qués, si não qués, diz!"
o Manézinho da Ilha de Florianópolis

Linda Língua
Vive à míngua
Moribunda
Vagabunda
Vem cabundá
Vem me contar
Das pratas e das palavras
Que atochaste nas matas

Atabaques
Atocaiados
Dormentes
Derramados
Dito e impedido
Grito e agradecido

Raulito
_____________________________________________________

FALA BRASILEIRA

Orgulho de ser brasileiro,
falar em poética vibrante
palavras de som inteiro
música contagiante.

Brasileira de todos.
Nem melhor ou pior
que outras em país estrangeiro.
Ora bem tratada,
é valioso tesouro.
Quando mal usada,
sempre perigoso.

Quanto valor em se ter
tanta rima e poesia
num mesmo recitar eloquente.
Bela língua Portuguesa
que neste Brasil é da gente.

João Possidônio Jr.

_____________________________________________________

Última flor cantada
Nossa monumental identidade

Que flor, que nada!

O Lácio que nos desculpe,
quem vive agora é a fera!
Jaz a pseudo-inculta, renasce
delgada e bela!

Erra pelos quatro cantos,
É caipira, é nordestina, é do Sul, é do Centro
É mineira, carioca, é um bicho do norte,
Cheio de ginga, feroz... pêlos viçosos...

Com sonoro instinto
a velar os sonhos do novo povo

Preta, branca, cabocla, amarela
Brinca sob céu de estrelas
Devorando os sabiás
Acordando os tico-ticos de fubás

E depois repousa em seu novo berço
gerundíssimo, animadíssimo,
oportuníssimo da Língua do Brasil

Afinal... nossa língua brasileira?

Fábio Ramos

17 de outubro de 2010

SOLIDÃO

> tema sugerido por Dom de Oliveira

_____________________________________________________

RECEITA PARA SENTIR-SE SÓ

Abra sua última gaveta.
Retire de lá um sonho escondido,
daqueles de que você já nem se lembrava mais.
Funciona melhor se for um grande amor.
Tente realizá-lo.
Você verá que as pessoas à sua volta
sentirão medo ou ciúmes de você.
Irão abandoná-lo, de qualquer forma.
Funciona também se você admirar
um cantor desconhecido qualquer.
Dylan ou Cohen causam esse efeito
mas dizem haver piores.
Não frequente igrejas.
À exceção de Deus,
todos acharão que você está só.
Pessoas procurando seus sonhos
ou que desconfiam de padres e pastores
costumam ser vistas como ameaças à família.
Nesse ponto, você já estará perto de se ver
completamente sozinho.
Mas se a vontade for muita e não puder esperar,
acampe em uma montanha bem alta
dois dias depois de o feriado passar.
Só há uma contraindicação, neste caso:
Paisagens podem colocar Deus sentado a seu lado
Podem fazê-lo querer tocar uma canção
para a pessoa daquele sonho escondido.
E todo o seu esforço até aqui
começará a perder o sentido.

Oswaldo Jr.

_____________________________________________________

solidão, não: sensação

onde se ouve a palavra, sinta a sensação
onde se vê falhas, complete os pontos
onde se localizam sentidos, alterne direções
onde se vê roupa, tire-a
onde se sente o sol, abre-se um sorriso
o mar não se vê, mas fica logo abaixo:





wallace puosso

_____________________________________________________

Drops solidão

Solidão é quando o coração
Não consegue mais lembrar
Os caminhos percorrido na infância...

Solidão é quando você passa
Esticando o calendário.

Solidão é quando o teu sono
Não consegue entender
As ofertas do meu corpo.

Enfim,
Solidão é quando olho-me no espelho
Procurando por mim.

Réginaldo Poeta
_____________________________________________________

Pararam as máquinas às 15:35h
Quem poderia sorrir?
Experimentaram o mero lamento
Quem gostaria de brindar?
Se por trás das luzes dos faróis
Estivessem outros olhos a fitar
Passariam horas e horas
Num mesmo ritmo
Num breve crivo
Os ponteiros voltaram à rotina
Por um lapso de movimento
O eterno encontro.

Raulito
___________________________________________________

LAMENTO

Por tantas vezes
quis você fora da minha vida,
longe do meu caminho
pra eu ficar só.

Entendia como solução
a liberdade da solidão.

Muitas outras vezes
insisti na distância
isolado do mundo,
perdido na multidão
numa solidão em conjunto.

De nada adiantou
o sentido de ser sozinho.
Pouca coisa da rosa ficou
muito mais, sobrou o espinho.


João Possidônio Jr.
_____________________________________________________

SOLIDÃO

Aumentativo brusco
súbito concreto

Insone inodoro
incolor neutro

Às vezes
lama esgoto
perigoso incerto

E ultimamente - conforme vive-se,
brisa alísio equilíbrio
reencontro à mais pura força
força às pernas
aos eixos

a si.

Fábio Ramos

11 de outubro de 2010

Remédio pra acabar com a tristeza

> tema sugerido por Paulo Barja

_____________________________________________________

ANTÍDOTO

Amar é esquecer-se em paz.
E, muito cá entre nós,
tenho achado bom que assim o seja.

Você não foi o meu remédio,
mas tem sido um bom antídoto
pra minha falta de certeza.

Você nem sabe o que me faz.
Mas está onde quer que eu olhe
e no que quer que eu veja.

Oswaldo Jr.

_____________________________________________________

quartzo

.

.

como o coelho maluco de Alice ou um velho relógio de quartzo andamos, andamos pelo tempo em busca de uma grande e pomposa porta onde estejam reservadas a felicidade, a liberdade (ou a noção do que isso seja) e eternidade - eterno mesmo é quando você me pisca toda cheia de terceiras intenções e o tempo pára agora, liberdade é só um conceito que existe, qualquer sentido por trás do que seu rosto esconde um sentido de gosto (teu gosto), afinal, é relativo o que se vê pela fresta da porta - a iluminação é sempre tênue, para quem vê um pouco além do óbvio, se até a floresta luta pelo calor do sol com a gente não seria diferente: colocamos a cabeça fora d’água e respiramos, respiramos um pouco mais aliviados porque o tempo, ah o tempo não pára.

.

.

Wallace Puosso


___________________________________________________

Acordes de um Sol

Abraçar o mar,
Colher pérolas de sal.

Temperar a sala
Com incenso de altar...

Buscar no fundo do abismo
O olhar da pessoa amada
Extinguindo qualquer tipo de incerteza.

Encontrar um velho amigo,
Convidá-lo pra jantar
E poder pagar toda despesa.

Isso tudo é remédio
Pra renovar qualquer ser;
Pra acabar com a tristeza.

Réginaldo Poeta

_____________________________________________________


Prefiro inventar música
Prefiro inventar rock and roll
Prefiro te comprar uma dúzia de rosas
Prefiro te levar ao show
Do Luiz Tatit, Luhli, Tom Zé
Depois comermos sushi
Batendo na palma da mão
Dançando na ponta do pé
Primeiro acorde, Itamar Assumpção
Milésimo gol, Pelé

Um cafunégas, pegas, regas
O vaso de rosas no canto
Na prosa de Guimarães
Versos de Adélia, Quintana, Alice Ruiz
Sertão, preguiça, flor de liz.

Raulito

_____________________________________________________

CORDEL DO BOM CONSELHO
(A cantoria aconteçe quando Leonildo da Goela Seca entra desconsolado no bar da D. Carmita Auxiliadora)

- Por favor minha senhora
traz mim uma cachaça.
A dor que me dói agora
tem começo numa desgraça
que me derrubou assim
e parece não ter fim.

- Preste atenção meu rapaz
botequim não é farmácia
dos azares que a vida traz.
Bebedeira não é remédio
para curar sua tristeza
ou acalmar o seu tédio.

- Mas que cura posso eu ter
para a mágoa que se instalou?
Sem eu mesmo perceber
entrou e despedaçou
o meu peito batedor
que agora virou sofredor.

- Chama a tristeza pr'uma conversa;
conta pra ela uma história.
Recita o primeiro verso
que lhe vier na memória.
Cante uma canção arretada
ou fala aquela piada
tão porreta de se cair na risada,

- Pois então assim farei,
insistirei com a danada,
contestação não deixarei
para ela ouvir a entoada.
Com muito boa afinação
e com dança bem agitada
vou levantar poeira do chão.

- E se a tristeza já quiser se mandar
leia ainda aquele poema
que faz ela não ficar
ou lhe causar mais problema.
Ela irá de uma vez embora
deste peito que tanto chora.

- Traga então aquela pinga
que agora faz sentido de ter.
E com um bom amigo
melhor ainda o beber,
em boa comemoração
e sem o aperto no coração.

João Possidônio Jr.

_____________________________________________________

Quando ninguém ainda existia

Ele desceu a rua, as mãos nos bolsos, observando cada pedra de chão conforme alcançavam os passos o seu caminhar.

Ele seguiu uma reta, depois outra, fez o plano, olhou ao horizonte e encontrou – antes do
som – o mar.

Era uma manhã bem cedo, a luz difusa e brumada, ele quase não falava, ele estava sozinho,
ele era aquilo que sentia, ele era o mundo numa hora quando ninguém ainda existia.

Sozinho respirou fundo e concluiu o quanto seria bom se conter naquele momento, ele estava muito bem, obrigado.

Havia encontrado o remédio para acabar com a tristeza, um remédio que sequer conhecia a fórmula. Provavelmente o efeito iria passar, muito em breve. Passaria.

E mesmo com ideias em futuros de pretéritos atordoantes, continuou sua caminhada, agora já próximo das conchas e do salpicar da areia às ondas...

Fábio Ramos

4 de outubro de 2010

PODERIA SER PIOR

> tema sugerido por Thais Silveira

_____________________________________________________

À tarde, num domingo de sol

Estar ali não era a coisa que ele mais queria
naquele momento.
Tudo dizia que o tempo passaria lento,
como se pedisse licença por entre os corpos
que eram muitos naquele saguão.
Saguão, ele pensava,
era o assunto mais interessante em que pensar,
enquanto falavam e falavam e falavam.
Palavrinha estranha. Saguão.
Sagu, saguinho, saguão.
Achando um outro lugar para seus pensamentos,
ele relutou quando seus olhos insistiram em voltar.
Olhos, às vezes, enxergam mais que a mente.
Sozinha, a dez metros de distância,
também ela parecia não querer estar.
Em seu caso, convenhamos, havia pouca diferença,
pois era o tipo de pessoa que sempre está,
mesmo não estando.
A mulher com quem ele no futuro
pintaria as paredes da sala,
à tarde, num domingo de sol,
estava ali, vinda não se sabe de onde.
Sozinha, a cinco metros de distância,
a mulher cujo rosto ele veria envelhecer estava ali,
indo não se sabe para onde.
As cidades crescem, e às vezes tanto
que nos fazem desconhecidos demais. Afinal, de onde?
Apesar dos poucos centímetros de distância, ele sabia,
não tentaria, a não ser que ela o notasse.
Notasse-o como se ele fosse o homem com quem ela se vê
comprando aquele bule vermelho de ágata,
sábado pela manhã, no mercado municipal.
Foi assim, sem saber o que deixava para trás
que ela saiu. E acenou para a única pessoa
que parecia conhecer na multidão,
alguém que ele também conhecia de algum lugar.
Aquele cara metido a escritor,
que ele conhecia da casa de outros amigos seus.

Um leve e indisfarçável sorriso acompanhou-o o tempo todo
enquanto dirigia de volta pra casa.


Oswaldo Jr.

_____________________________________________________

personas

Obama e o Nobel da Paz
Lula e Ahmadinejad
Bush e Bin Laden
declarações do Caetano
qualquer filme da Xuxa
vinho do Galvão Bueno
livros do Paulo Coelho
biografia do Justin Bieber
melhores da MTV
cerveja da Paris Hilton
campanha do Tiririca
esquisitices de Bob Dylan
programa do Amaury Jr.
performances da Yoko Ono
pensando bem
poderia ser pior

wallace puosso

_____________________________________________________

Tempo de escolha (ou a solidão dos sóbrios)

Maria Ignez Nóbrega, 27 anos
Caiu do 18º andar
do Edifício SALES
Em pleno centro de João Pessoa.

- uns disseram que foi atentado
- outros, que foi o namorado
- uns afirmam ser suicídio

O corpo estendido no chão,
Uma multidão ao redor
E o sorveteiro que passava
Do outro lado da calçada
Não teve dó:

- ainda bem que ela morreu,
se não, poderia ser pior...

Réginaldo Poeta

_____________________________________________________

Poderia Ser Pior
Sem Comunhão
Poderia Ser Melhor
Sem Polícia e Ladrão

Poderia Ser Pior
Minha Indignação
Poderia Ser Melhor
A DigNação

Parla
Mente

Engulo
e
Pulo

Diga
Nação

Gesta
Nulo

Quanto Melhor, Melhor:
Beijo, Arco-Íris, Pitangueira, Trovão,
Libélula, Estrelas, Mares, Intuição,
Fogueira, Ametista, Palavra, Irmã(o)
Vaga-Lume, História, Memória, Xamã,
Encontro, Melodia, Meia-Noite, Meio-Dia.

Raulito

_____________________________________________________

As Coisas São o Que São*


E agora, José?!
E agora, Você?!

Vasto mundo, vasto mundo, José!
Mesmo se chamando Raimundo
Não é mais rima nem solução
E agora, e então?

Bastaria para fugir de si mesmo, José?!

Você que é o tempo, você que resolve tudo,
Você que não perde nada... Seria pior, José?!
Podia ser pior?
E agora, e então?!

To die, to sleep...
A festa acabou, José
Bem vindo à vida!

As coisas são o que são.


(*Com as devidas citações e homenagens a Drummond, Shakespeare e Freud)


Fábio Ramos

_____________________________________________________

ECOZELOMANIA

Apavorado, Seu Vanderley incorporou em suas atitudes a proteção e o zelo pelos recursos naturais do planeta. Também pudera; bombardeado por notícias de todos os lados apregoando o aquecimento global, a escassez da água, o desmatamento desenfreado, as queimadas, a destruição da camada de Ozônio e por aí afora.
Tomou, sem arredar o pé, as seguintes ações no seu cotidiano:
Cortou os fios elétricos da caixa de entrada de energia da sua casa (de agora em diante usará só aquecimento e iluminação natural).
Parou de tomar banho para não consumir água e não poluir os rios com sabões.
Não lava mais as suas roupas.
Na alimentação, nada de comida processada e nada de caixinhas ou embalagens plásticas.
Jogou a chave do carro no cesto de reciclável e deixou o lixeiro levar o lixo embora. Daqui pra frente só andará a pé.

Seu Vanderley está num estado de dar dó. A família e a vizinhança toda reclama e lamenta.
Mas para dizer a verdade, poderia ser pior ... ele ainda dá descarga na privada.

João Possidônio Jr.

2 de outubro de 2010

bastidores (demora mas chega)

Parte três (e última)

De: Oswaldo Almeida Jr. .
Assunto: RE: ReSposTa: Um outro TEMA
Para: "Reginaldo Gomes" ., "Wallace Puosso" .
Data: Sexta-feira, 28 de Agosto de 2009, 11:38
Bem, o tema é meu, certo?

Pensei em alguma coisa que nos levasse pra dentro, que nos fizesse pensar profundamente (que pensamento nobre, hein? tsctsctsc...). Pensei em trazer para a nossa discussão um tema que nos aproximasse mais, porque apesar de sermos próximos não sabemos, e nem poderemos saber, tudo sobre os outros boys. Às vezes, muito raramente, falamos de outras coisas que não sejam poemas, movimento artístico joseense, etc. Quando nos encontramos, também, por mais que nos amemos, não vamos fundo pra nos conhecermos. (ai, o que esse cara está pensando?... tô fora! não põe o meu na reta não, jacaré!). Talvez seja pelo fato de já nos conhecermos bem. O fato de termos nos conhecido há algum tempo já nos diz que não precisamos conhecer mais... Quais são as angústias do boy Wallace? Quais são os sonhos do boy Regis? E as dúvidas do boy Oswaldo?

Bem, pensei num tema que, pra mim, ainda é um desafio. Pensei que pouco sabemos sobre nossas famílias, e nós somos o que somos por causa de nossas histórias, de nossos lares. Comecei a escrever um poema em 2005, não deu certo, não saiu, e posso tentar retomá-lo agora. Talvez saia. Quem sabe este tema seja realmente um desafio interessante? Pra mim, será.

Tema: Pai.

Abraços,
boy
_____________________________________________________

De: reginaldo poeta .
Assunto: Pai
Para: "Wallace Puosso" ., "Oswaldo Almeida Jr." .
Data: Sexta-feira, 28 de Agosto de 2009, 15:59


ô boy, assim você corta minha tarde de compensação, que texto mais que todos nós juntos... amei... ando pensando muito no meu pai, tenho até um poema pronto sobre esse assunto, tentarei fazer um novo, esse sentimento vou buscar lá nos idos de 65 ou até mesmo 2009, pois somos pais... certo?

Wallace, tens algum filho "solto" pelo mundo?

Beijão e até!

"pai, senta aqui que o jantar tá na mesa"

lindo né?
_____________________________________________________

De: Reginaldo
Assunto: Re: Pais e Filhos
Para: Oswaldo Jr.; Wallace Puosso
Data: Wed, 2 Sep 2009 14:34:54 -0700


Demais heim? pensar que era mais um romance que você relatando...
Amei!
Final surpreendente!

Abração!
_____________________________________________________

De: Oswaldo Almeida Jr. .
Assunto: RE: Pais e Filhos
Para: "Reginaldo Gomes" ., "Wallace Puosso" .
Data: Quarta-feira, 2 de Setembro de 2009, 20:40


PUTA MERDA! Se isso não serve ao tema, então não sei o que serviria! Belíssimo texto, boy, belíssimo!

Agora fico eu a meditar e tentar escrever algo à altura do que vocês dois me enviaram!!!!! E olha que vai ser difícil... Aqui no trabalho não conseguirei mesmo! Quem sabe depois, depois, depois?

Gostei do estilo da escrita: aquela parte dos segundos (um, dois, três, quatro, etc) faz com que a gente vá contando junto os intermináveis segundos que o personagem espera passar. Lindo o recurso estilístico. Perfeita também a conclusão da frase - "anos, sei lá, segundos depois", que retoma o início da frase como se fosse a continuação do pensamento, que não se interrompe. É uma descrição visual perfeita de uma coisa que acontece no nosso pensamento; você achou a forma certa de escrever, na minha opinião.

Só um detalhe: acho que é "baixa os olhos" em vez de "abaixa os olhos", boy.

Um resumo de tudo? Pra mim, "Coisas que você nem imagina" resume bem a relação pai e filho que nós parecemos ter experimentado. Como disse ao Wallace, meu pai nunca pediu para ouvir uma composição minha. Acho que ele tem vergonha de pedir.

Abraços!
boy
_____________________________________________________

De: Wallace Puosso .
Assunto: RE: Pais e Filhos
Para: "Reginaldo Gomes" ., "Oswaldo Almeida Jr." .
Data: Quinta-feira, 3 de Setembro de 2009, 16:17


Boy,

Obrigado pela análise, é quase um texto em defesa da estética na poesia...
Fica à vontade quanto ao prazo, sei que é um tema espinhoso para nós (três), por isso, vá no seu tempo.
Porque você não aproveita e desenvolve um texto com uns "truques" estilísticos assim também, como você descreveu o meu? desenvolver o ritmo na base do fluxo de pensamento numa ou noutra frase, brincar com a disposição das palavras (como nos segundos, de um até dez) e por aí afora.
Agora, se me permite uma dica, acho que a "espinha dorsal" do seu texto você já encontrou. É a música que deveria unir vocês dois, mas como vc mesmo já disse, ele nunca pediu pra ver uma letra de música sua, que fosse. Acho que deu um "gancho" aí...

Abraço!
Boy
_____________________________________________________

De: Wallace Puosso .
Assunto: Re: continuando
Para: "oswaldo jr" ., "Oswaldo Jr" ., "reginaldo poeta" .
Data: Quinta-feira, 17 de Setembro de 2009, 14:19


Bom...

Pra não deixar a bola cair e não sendo tão sério (mas sim provocativo!), mando então o novo tema:

Ménage à trois
Bom, tem certas coisas que só fazemos entre quatro paredes, certo? Então vamos descortinar um pouco da nossa intimidade masculina e criar poemas "táteis".
Já que abrimos os corações pra falar dos nossos pais no último tema, agora a gente abre um pouquinho da intimidade.

Estejam desafiados!

Abraço! wallace
_____________________________________________________

De: Wallace Puosso .
Assunto: Re: apôis... à trois...
Para: "oswaldo jr" ., "Oswaldo Jr" ., "reginaldo poeta" .
Data: Quinta-feira, 17 de Setembro de 2009, 14:51


é isso que me dá raiva...

A gente manda o tema e o cara faz o poema em menos de meia hora...

Ah... boy, assim não vale... Queria provocar mais você... o poema ficou assim, com gosto de bolo de fubá na casa da tia Filó.

Quem sabe seu poema não pudesse ser uma fantasia emprestada? Assim como Fernando Pessoa escreveu "O poeta é um fingidor..."

"Truquei", você mandou 6, agora peço 9 e quero desafiá-lo de novo.

Senão, não tem graça... hahaha

beijão
_____________________________________________________

De: Oswaldo Almeida Jr. .
Assunto: RE: apôis... à trois...
Para: "Wallace Puosso" ., "Reginaldo Gomes" .
Data: Domingo, 20 de Setembro de 2009, 17:05

Voltei pra voces, caros amigos! Depois de uma curta ausência, cá estou novamente, e já gostei do que li nos emails...

Primeiro: a exposição do Dylan. Quadros bacanas mesmo, hein?! Valeu pela informação, boy!

Segundo: as novas provocações do Wallace. Boas, muito boas... Como abri todos os emails de uma vez só, vou misturar meus comentários, e vocês tentam entender a que estou me referindo, ok?

Antes, semana passada, o Wallace mandou um texto que indagava sobre o porquê de estarmos fazendo isto. Queria reflexões de nossa parte, coletivas, e acabamos não fazendo. Falando por mim, pegou-me numa semana horrível de falta de tempo! Ao Wallace incomodava, pelo que senti, abordar temas menos complexos, banais, que nos fariam abordar este "exercício" semanal de forma muito simplista. Sem mexer em nossas estruturas.

Pelo que senti do último tema, a proposta ainda continua a mesma, correto?

Pessoalmente, tenho preferido escrever de forma a contribuir para uma reflexão, ainda que esta se dê apenas no nível individual - eu comigo mesmo. Tenho tentado não escrever sobre os temas semanais sem, antes, refletir sobre isto. A pergunta que me faço semanalmente é: "se eu fosse escolher um tema apenas para mim, seria este o tema? Se não é, então de que forma, com que abordagem posso fazer do tema proposto algo que me interesse pessoalmente?"...

Depois de pensar nisso, começo minha batalha atrás das idéias e das palavras. Às vezes, quase sempre, perco essas batalhas e não consigo produzir obras que eu veja como importantes. Escrever apenas para cumprir os prazos tem me incomodado um pouco.

Gostei, também, da última provocação do boy Wallace. Como não nos manifestamos, Reginaldo e eu, o Wallace mandou um tema picante (no sentido de nos picar como abelhas!), e talvez esperasse que mexêssemos mais com os nossos limites internos. O Régis optou por falar de si mesmo, abordando o tema proposto não pelo que ele significa, mas pelo seu contrário. Não fugiu do tema, mas fugiu da abordagem delicada... Foi uma saída de mestre, digamos. Ainda mais que os poemas se tornarão públicos no blog!

Da minha parte, vou tentar falar diretamente sobre o tema, ou sobre alguma forma estrutural que o tema "três" me provoque. Três versos em três estrofes, sei lá, qualquer coisa. Mas vou buscar refletir sobre o que significa, pra mim, o ménage a trois! Acho até que vou experimentar um esta semana, pra ver se me inspira.

Se fosse fácil assim... Aliás, sabem o que significa "ménage"? Saber isso seria um bom começo, admito... "Trois" eu sei que é "três"!

Obrigado pela provocação - agora, me aguarde!
Beijos
boy
_____________________________________________________

De: Wallace Puosso .
Assunto: RE: apôis... à trois...
Para: "Reginaldo Gomes" ., "Oswaldo Almeida Jr." .
Data: Domingo, 20 de Setembro de 2009, 17:23


Boy,

Acho que você "captou" a essência da coisa. Olha só!
A "provocação" é sempre válida, falo isso com sinceridade, não é discurso pronto, não. Pelo menos, não sei viver de outra forma. O que me leva adiante nessa vida (às vezes) tão previsível, é justamente aquilo que acontece e com o qual não se contava, o inesperado. Não deixa de ser uma forma de provocação.

O tema " ménage à trois" obviamente tem conotação sexual. A expressão é usualmente utilizada para isso. Mas, como somos poetas e temos a liberdade de virar as coisas pelo avesso quando (e como) bem entendermos, as coisas podem (e devem) mudar o sentido das coisas.
Então, boy, como você bem explanou, daí podemos brincar com a idéia de três (três pessoas, três idéias, santíssima trindade, o triângulo, etc.) e também de "mistura" (ménage).
Na semiótica, todas as coisas tem um significado ou uma representação.
Para ficarmos num exemplo, que elementos (de representação individual) poderiam ser misturados e se transformarem num novo elemento? Como quando fazemos um bolo. Que é a representação física (visível, tátil) de vários elementos individuais, misturados.

Bom, falei demais.

Acho que estamos no caminho. Refletindo dessa forma, acho que consigo melhorar significamente o que escrevo.
Esse é o grande barato desse nosso encontro, vocês não acham? rs...

Abraço!
_____________________________________________________

De: Oswaldo Almeida Jr. .
Assunto: RE: apôis... à trois...
Para: "Wallace Puosso" ., "Reginaldo Gomes" .
Data: Segunda-feira, 21 de Setembro de 2009, 13:09

Como hoje é segunda-feira, dia de folga para mim, permiti-me acordar cedo pensando em poesia. E não é que funcionou? Uah...

Procurei usar três sílabas métricas, em três estrofes, com três versos cada. Esse era o meu desafio inicial. Depois, quando achava o tema, decidi escrever falando também da "terceira pessoa" verbal - eu, tu, ELE. E aí meu poema foi se construindo. Mando para vocês agora.
_____________________________________________________

De: Wallace Puosso .
Assunto: RE: outro à trois...
Para: "Reginaldo Gomes" ., "Oswaldo Almeida Jr." .
Data: Sexta-feira, 25 de Setembro de 2009, 12:30


Bom,

Deixa eu comentar os 4 (!!!!) poemas que chegaram sobe o tema... Senão fica deselegante da minha parte, afinal eu sugeri o tema e desafiei os dois... hehe...

Boy Regis, gostei mais do segundo poema. Ele contém mais "imagens" e vc recorre ao tema da memória, o que sempre fascina quem lê.
E, além do mais, este segundo poema, contém uma leitura inusitada do tema (que por sí só, já é inusitado...) o que "enriquece" nosso diálogo poético (!!!).

O boy Oswaldo propõe então usar recursos estilísticos (três sílabas métricas, em três estrofes, com três versos cada) o que acaba surpreendendo. Isso no primeiro poema. O segundo é de uma singeleza, que beira o romântico (se é que posso usar essa palavra nesse contexto...), mas deixou o tema mais leve, em tom de nostalgia.

Aí eu me ferrei, né? Eu dei o tema e caí numa armadilha... Com quatro poesias e quatro visões diferentes, eu ficava sem muitas opções. E quase que a coisa não sai. Mas saiu. Esta madrugada...
Daqui a pouco mando a vocês...

Abç, wallace
_____________________________________________________

De: Wallace Puosso .
Assunto: A minha mistura
Para: "Reginaldo Gomes" ., "Oswaldo Almeida Jr." .
Data: Sexta-feira, 25 de Setembro de 2009, 12:46

Bom,

Nesta madrugada, ouvindo Led Zeppelin, pensando numa determinada cena do filme Vick Cristina Barcelona (sim, lá tem ménage...), me recordei de uma coisa que aconteceu a algum tempo. E então o poema veio. Em partes. Num delicado jogo de palavras, onde algumas adquirem um duplo sentido (ou será triplo?).
O que fica de ficção ou de real, infelizmente vocês não vão saber. Só se eu tomar umas duas garrafas de vinho e resolver contar histórias que cairam na memória...
Então fica a poesia somente.
_____________________________________________________

De: Oswaldo Ferreira de Almeida Junior .
Assunto: Re: 22h07
Para: "reginaldo poeta" ., "Wallace Puosso" .
Data: Sexta-feira, 25 de Setembro de 2009, 16:49

voltei pra vocês!...

Bem, lindo o poema Dark Room, hein? Fiquei imaginando a história por detrás das palavras. Eu devia ter feito isso, também, teria possibilitado rever umas memórias bacanas. Também só saem a três (só nós três) e depois de umas 3 cervejas, hehehe...

O poema do boy, sobre o pai, também ficou bem bonito, hein? Ficou um pouco mais "doído" (de dor, e não de doido) que o outro, e talvez por isso mais emocionante.

Beleza hoje à noite. Eu ia pra casa escrever uns negócios, mas posso rever isso.
ô cara facinho!

Abraços!
boy
_____________________________________________________

De: reginaldo poeta .
Assunto: Boys, boys...
Para: "Wallace Puosso" ., Oswaldo Jr.
Data: Sábado, 26 de Setembro de 2009, 18:27

Wallace, bastou provocar e o assunto rodou até na net, viram? fiquei com medo... Olha só a manchete da matéria que saiu numa publicação da internet:

Sexo a três com dois homens?
25/09


Você toparia fazer um ménage à trois se o terceiro participante fosse outro homem?
Vladimir Maluf
_____________________________________________________

De: Wallace Puosso .
Assunto: Re: Boys, boys...
Para: Oswaldo Jr., "reginaldo poeta" .
Data: Segunda-feira, 28 de Setembro de 2009, 15:34

hahaha... Tá com medo de quê, boy?
_____________________________________________________

De: reginaldo poeta .
Assunto: Re: Boys, boys...
Para: Oswaldo Jr., "Wallace Puosso" .
Data: Terça-feira, 29 de Setembro de 2009, 13:27


medo de me apaixonar (ainda mais) por vocês dois...

pense...
_____________________________________________________

De: Wallace Puosso
Assunto: Re: Boys, boys...
Para: Oswaldo Jr.; Reginaldo

Data: Tue, 29 Sep 2009 09:43:01 -0700


kkkkkkkkkkkkk

Isso está ficando engraçado....

Obrigado pelo tema-quase-poema... rs...

Beijinho no cangote... rsrs
_____________________________________________________

De: Oswaldo Almeida Jr. .
Assunto: RE: Boys, boys...
Para: "Wallace Puosso" ., "Reginaldo Gomes" .
Data: Terça-feira, 29 de Setembro de 2009, 20:58


Ai, ai... entro ou não entro (sem trocadilho) nesta discussão?! Tsctsctsc...
Dá pra dar um depoimento pessoal a respeito?

Não, melhor não.

Beijos,
boy
_____________________________________________________

De: Oswaldo Almeida Jr. .
Assunto: RE: Meu som é mais ou menos assim
Para: "Wallace Puosso" ., "Reginaldo Gomes" .
Cc: Oswaldo Jr.
Data: Segunda-feira, 2 de Novembro de 2009, 15:43


Boys, vocês não vão acreditar, mas enfim mando o poema para "o primeiro som". Demora mas chega.

Gostei do de vocês, só que não quis lê-los antes de fazer o meu. Por isso só os li hoje, hehehe... O Wallace inventou umas palavras legais, como "desolhificar", que fazem pensar no que ele quis dizer. E o Régis optou por falar de um som marcante pra ele. Nem sei se depois deste tempo todo vocês ainda se lembram dos próprios poemas, por isto coloquei-os todos num único arquivo anexo.

E com este fechamos a trigésima semana, é isso mesmo? Demorei cinco semanas pra entregar o meu, senão já teríamos andado mais...
Abração pros dois!
Boy.

_____________________________________________________

De: Wallace Puosso .
Assunto: RE: Meu som é mais ou menos assim
Para: "Reginaldo Gomes" ., "Oswaldo Almeida Jr." .
Cc: Oswaldo Jr.
Data: Terça-feira, 3 de Novembro de 2009, 11:28

Boys...

No dia do show do Pedra de Nego, estava conversando com o Popô alí na comedoria e ele observou que, cada um de nós já tem sua própria "assinatura"ao escrever um poema. E continuou, dizendo que saberia dizer de quem era qual poema, sem precisar olhar a assinatura ao final. Acho que isso é bem pertinente de se dizer neste momento.
Ao ler agora os três poemas - em conjunto - isso fica bem claro. Embora eu arrisque dizer que o meu - em particular - ficou meio "fora da tal assinatura", mas ainda assim, tem um pouco a minha cara.
O mesmo com o poema do Oswaldo. Pode-se falar de amores sob qualquer ponto de vista. Inclusive o supersônico. Lendo o poema a gente fica imaginando a cena. E a poesia é justamente pra isso, pra gente imaginar.
O Reginaldo também constrói imagens a partir de elementos factíveis, do dia a dia. Como se fosse uma "reeducação do olhar". Lendo seus poemas, podemos ver as mesmas coisas que vemos todos os dias, só que de outras formas e sentidos.
E os poemas do Oswaldo, dão aquela vontade na gente de amar, paquerar, desejar pelo simples motivo de ter vontade. Isso também é uma das funções da poesias. Fazer com que nos sintamos vivos, potentes, felizes e às vezes maiores do que poderíamos ser.
Quero agradecer aos dois a oportunidade que essas trinta semanas nos deram, de explorar limites.
Sei que podemos mais (sempre podemos!)
Por isso, uma nova etapa se torna necessária.

Abraço aos dois e vamos em frente!
wallace

_____________________________________________________


E assim, terminamos essa primeira fase.

A partir de segunta-feira, novas diretrizes em tempos de paz.

E que venham os temas e poemas...
.
.


29 de setembro de 2010

bastidores (demora mas chega)

Parte dois


De: Oswaldo Almeida Jr.
Assunto: RE: Partida - a chegada do poema...
Para: "Wallace Puosso", "Reginaldo Gomes" .
Data: Quarta-feira, 13 de Maio de 2009, 9:56


Hehe, desta vez não fui eu quem ficou por último! Milagre!!!
Mas relaxa, boy.
Eu só vou conseguir pensar no tema depois que você mandar seu poema.
Rimou!!! Então já fiz o meu poema da próxima semana, oba!!!
rsrsrs...

Boy
_____________________________________________________

De: Wallace Puosso
Assunto: Partida - a minha parte
Para: "Reginaldo Gomes" ., "Oswaldo Almeida Jr." .
Data: Sexta-feira, 15 de Maio de 2009, 15:42


Boys,

Desta vez (pela primeira vez nessa série) um poema sombrio.
Não que isso seja ruim mas, talvez influenciado por Bergman e pela trilha do espetáculo Yulunga (http://www.myspace.com/meandmy303), o que saiu foi algo bem introspectivo.
Falo novamente de amos, mas pelo avesso do que costumo falar.
Porque assim deve ser, nesse momento pelo qual estou passando...
Portanto, ouçam a música junto com a leitura do poema.

Pronto! Finalizada minha breve sessão de "análise" com meus queridos colegas de escrita (rs...) segue o texto, que é o que mais interessa.
Bom final de semana procês. Nos vemos no Bob Dylan (sempre ele, sempre ele...!).
_____________________________________________________

De: Wallace Puosso
Assunto: Uma coisa pra se pensar
Para: Reginaldo; Oswaldo Jr.

Data: Wed, 20 May 2009 10:43:14 -0700

Boy,
Ótimo isso: "Uma grande paixão é como a camisa recém comprada".
Curioso notar que, no conjunto da obra (nossa, nesse desafio) uns poemas estão pra mais, outros pra menos, frases se destacam, ficam na memória, criamos instantâneos e perduramos palavras...
No conjunto da obra, temos um percurso único. Uma "liga" que se mantêm forte, coesa.
Já temos uma identidade, mesmo no coletivo, olha só!
E acho que já passa do momento de pensarmos e "amplificar" isso ao mundo. Vamos pensar sobre isso? Sobre a melhor forma de tornar visível o que apenas habita nossos computadores?

Abraço, Wallace Puosso
_____________________________________________________

De: Wallace Puosso
Assunto: Outra coisa pra se pensar
Para: "Reginaldo Gomes" ., "Oswaldo Almeida Jr." .
Data: Quinta-feira, 21 de Maio de 2009, 14:27


Bom...
Eu gostaria de sugerir outra coisa, se é que isso cabe nessa situação...
Acho que somos três pessoas que sabem - de fato - a diferença entre um texto que tenha poesia e outro que não consiga chegar nisso. Como leitores, com a experiência de vida que temos, etc...

Se a proposta da publicação (seja de que forma for) estiver de pé, da minha parte, sugiro que vocês dois analisem criticamente meus textos (dentro do possível, pois não somos críticos literários) e escolhessem os que mais se aproximam da idéia do "conjunto da obra" ou que mereçam uma publicação.
Acho importante isso e concordo com tudo o que vc escreveu. Se não lanço um livro há 16 anos é porque entendo que é necessário um "apuro estilístico" e um rigor com o que se torna público.
Tenho levado em média, dois a três anos pra levantar um espetáculo, é tempo de maturação, pesquisa, encontros e desencontros, acertos e erros, mas um tempo que se torna necessário. Tem grupos que montam dois espetáculos por ano. E há uma grande diferença de resultado entre uma coisa e outra, vocês hão de convir comigo...!

Sugiro que vocês analisem meus textos e apontem os que devem ser publicados.
Vocês podem até não concordar, mas acho importante exercitarmos esse olhar crítico. E, se vocês acharem que isso possa ser feito com os textos de vocês, também me proponho a tal coisa.
Enfim... essa é uma provocação necessária. Pra pensarmos.
Afinal de contas, esse "desafio poético" que nos guiou até agora, não é por acaso. É provocativo. E, como "provocação", deve também ter seu olhar crítico.

De qualquer forma, proponho pensarmos com calma, amadurecermos essa idéia e - penso eu - até o final do ano, se continuarmos com esse ritmo, teremos reunido uma "safra" interessante de textos...

Abraço! Wallace Puosso
_____________________________________________________

De: Oswaldo Almeida Jr. .
Assunto: RE: Uma coisa pra se pensar
Para: "Wallace Puosso" ., "Reginaldo Gomes" .
Data: Quinta-feira, 21 de Maio de 2009, 10:39


Tá legal, boy (boys), tô dentro. Só que realmente acho que tenho coisas fracas no meu conjunto. Eu teria de selecionar as melhores... Ler os poemas todos agora, depois de um tempo que foram feitos, deve ajudar a ver o que realmente ficaria pra história (chique!) e o que é descartável. Sou muito crítico, e acho sinceramente que o que produzi até agora não está tão bom quanto o que vocês dois produziram. É fase, fazer o quê! Tenho que andar mais a pé, de novo, hehehe...

boy
_____________________________________________________

De: Wallace Puosso .
Assunto: RE: Uma música pra inspirar
Para: "Oswaldo Almeida Jr." .
Data: Terça-feira, 26 de Maio de 2009, 11:49

Boy...

Quanto à tempo livre pra escrever, abrir email, escutar música, caminhar pela cidade, realmente isso tem se tornado um luxo. Pra mim, pelo menos. Imagino pra você. Mas acho que o desafio é tentarmos nos encontrar em meio a essa dinãmica que o tempo contemporâneo nos impõe.
Há 14, 15 anos atrás você ocupava outra função no SESC, tinha família e filho novo, uma banda de Rock e ainda encontrava tempo pra pintar, fotografar e ir com os amigos no Curvinha (!!!). hehe... Hj o ritmo é outro, mas encontrar as tais "brechas" é necessário.
Quanto à análise das suas poesias... Esperarei você dar forma final a algumas (foi isso mesmo que eu entendi?) e aí eu faço de todas...
Sobre as conversas não-virtuais também sinto falta... Esse final de semana tem apresentação em Igaratá mas podemos combinar para o outro domingo.
Eu sou a síntese do homem contemporâneo: agoniado com o excesso de informação virtual, angustiado pelas distâncias físicas e entorpecido pelas novas formas de relação que se estabelecem entre as pessoas. A dúvida sempre persiste: máquina de escrever ou teclado? E-mail ou carta? MP3 ou vinil? Torpedo ou abraço? rs...

Fica bem. No fim dá tudo certo.

Abraço, Wallace Puosso
_____________________________________________________

De: Oswaldo Almeida Jr. .
Assunto: RE: Outra coisa pra se pensar
Para: "Wallace Puosso" ., "Reginaldo Gomes" .
Data: Terça-feira, 26 de Maio de 2009, 9:48


Boy, você sabe que eu gosto de desafios, não é? Topo essa história de um ler criticamente os textos dos outros. Os meus já estão abertos a receber as críticas de vocês dois. Se formos publicar mesmo, acho que isso pode ser um filtro importante. Quanto aos meus, estou esperando passar mais um tempinho para mexer naqueles em que sei que dá para alterar alguma coisa e deixá-los melhores. Vamos nessa?

boy
_____________________________________________________

De: Wallace Puosso .
Assunto: RE: VIRTUAL: aos que ainda estão vivos
Para: "Reginaldo Gomes" ., "Oswaldo Almeida Jr." .
Data: Segunda-feira, 8 de Junho de 2009, 13:49

Boy,

Nós três somos os caras que "amam demais"... rs... Eu fico aqui, tentando ler nas entrelinhas, o que é fato, o que é ficção. Até porque não acredito em arte totalmente ficcional. Partimos (sempre) de algum ponto. O nosso ponto.
Interessante, que você alterna entre poemas curtos (quase hai kai) a poemas mais longos (quase letra de música). E sempre trabalhando a dualidade das frases, coisa que adoro fazer... Umas frases assim:
"A distância que mata é a mesma que aquece" ou

"Nada como, um dia após o outro" (tema: comida) ou ainda

"Uma grande paixão é como a camisa recém comprada
Por mais que lhe agrade desde o início
Você só a conhece quando passa
" (tema:partida)

Esse parece ser o seu estilo, boy!
Regis, parabéns pelo lançamento do seu novo livro. Muita gente bacana, interessante presente, e isso é sempre bom...! Pena não conseguir ficar. Estou em processo de montagem do meu novo espetáculo e temos só os domingos à noite para trabalhar...

De qualquer forma, foi bom ter ido (mesmo ficando um pouco) pra lhe cumprimentar...

beijo procês!
boy
_____________________________________________________

De: Reginaldo
Assunto: REsPosta: VIRTUAL: aos que ainda estão vivos
Para: Oswaldo Jr.; Wallace Puosso
Data: Mon, 8 Jun 2009 10:15:36 -0700

Ei meninos apaixonados e românticos, quantas frases bela, quantos cartões postais...
É boy, ontem foi um dia mágico, muito além do pólen... fiquei e ainda estou muito feliz por tamanho encontro.
Wallace, pena você não ter ficado mais tempo, foi uma pena, depois pegue um livro comigo beleza? Vi uma entrevista sua no Foca em Foco, foto linda! linda!!!
Bom, fico por aqui, ainda estamos organizando as coisas de ontem, muita coisa espalhada pela casa, muitos poemas ainda por vir...
Próximo tema? FUTURO!

beijos e paz!
_____________________________________________________

De: Oswaldo Ferreira de Almeida Junior .
Assunto: Re: O meu FUTURO acabou de chegar...
Para: "Wallace Puosso" .
Cc: Reginaldo
Data: Sexta-feira, 12 de Junho de 2009, 15:40


É verdade, boy, o verso é mesmo instigante. E que brancura é essa que eu não vejo, boy?
"É proibido cochilar", como diria o forró que toca na sala de um amigo meu... O Futuro chegou mas o Virtual ainda não, correto?
E eu tenho 2 futuros. Um acabado e o outro por chegar...
Decidi uma coisa NESTE instante: topo marcar uma cerveja num bar, só com vocês dois, para vermos se vamos ou não postar nossos escritos! Cabra macho!!!

boy
_____________________________________________________

De: Oswaldo Almeida Jr. .
Assunto: RE: Res: Férias, só no papel!
Para: "Wallace Puosso" ., "Reginaldo Gomes" .
Data: Quarta-feira, 24 de Junho de 2009, 12:06

Boys, segue o meu poema, escrito ao som de Heart of Mine, do Dylan (dica do Wallace fazer poema ouvindo uma música) na versão de Norah Jones e The Peter Malick Group.

Beijos.
boy
________________________________________

De: Wallace Puosso .
Assunto: As férias de boy and Norah Jones
Para: "Reginaldo Gomes" ., "Oswaldo Almeida Jr." .
Data: Quarta-feira, 24 de Junho de 2009, 12:34


boy do céu...

Fiquei emocionado, de verdade... Me vi em cada verso do poema, me vi um pouco nesse cara, tentando há tempos voltar pra um lugar, qualquer lugar que possa ser chamado de "seu"... tentando entender o que já viveu, sem deixar de olhar pra frente... desejando voltar a pisar descalço na grama com aquela garota que não sai da sua cabeça... rs...
Isso tem cara de música, boy... Cantada por uma Norah Jones ou Aimee Mann, uma daquelas músicas que enchem nossos olhos de esperança, saudade e boas lembranças...
Obrigado por este momento...

bjs
Wallace Puosso
_____________________________________________________

De: reginaldo poeta .
Assunto: RE: Res: Férias, só no papel!
Para: "Wallace Puosso" ., "Oswaldo Almeida Jr." .
Data: Quarta-feira, 24 de Junho de 2009, 13:15

Fiquei até com vergonha das minhas 3 linhas.. o hôme sem coração...
O porblema é que fiz o meu ouvindo Amado Batista e Odair José...

Boy, parabéns pela obra rara.
_____________________________________________________

De: Wallace Puosso .
Assunto: Re: Minha melhor lembrança POP
Para: "reginaldo poeta" ., "Oswaldo Jr"
Data: Quinta-feira, 2 de Julho de 2009, 20:51


Quero deixar registrado aqui que ontem foi um dia desses raros.

Conversamos muito, eu e o boy, sobre muita coisa... Me emocionei com o acústico do Lenine (que ainda não conhecia!), descobri quem é o cara no quadro feito pelo boy que está exposto na sala (a-ha... agora eu sei...!), descobri que a amizade dos dois boys remonta à 79 (puts grilaaaaa... 30 anos!!! coméquipode?!?), bolamos nosso primeiro blog coletivo, ouvi muita MPB e matei saudades de músicas dos anos 80 (Vinícius Cantuária, Azimuth, olha só!), vi os quadros da exposição que será lançada em Patos, dia 13 e as novas obras da Zenilda (em tecido, coisa fina..).
Aí ela chegou e começamos a falar de poesias e cartas e cartas com poesias, coisas escritas à mão e... Vem novas idéias por aí... tomamos várias cervejas e acho que isso ajudou à dar asas às idéias...
Faltou o boy nessa conversa, mas podemos arrumar uma maneira disso não acontecer da próxima vez. Temos de estar os três juntos...

Obrigado pela ótima tarde!

Abraço!
Wallace Puosso
_____________________________________________________

De: Oswaldo Almeida Jr. .
Assunto: RE: Do sertão, aos boys!
Para: "Reginaldo Gomes" ., "Wallace Puosso" .
Data: Quarta-feira, 8 de Julho de 2009, 22:51

Pois é. Tem aquele negócio que o Wallace lembrou, o ritmo. Por isso, logo depois que mandei pra vocês, acrescentei uma palavra no penúltimo verso (pulsante). Acho que melhorou, vejam abaixo. E acho que daria para experimentar um soneto, acrescentando uma terceira estrofe antes da última. Quem sabe me animo?

Abraços.
(ah, Wallace, confirmamos o ensaio do Dylan para a sexta-feira à tarde. O Felipe me liga amanhã para combinar o horário!)
(ah02: boy, Lua e Brisa - boa viagem e boas expo´s!)
boy
_____________________________________________________

De: Wallace Puosso
Assunto: RE: Do sertão, aos boys!
Para: Reginaldo; Oswaldo Jr.
Data: Thu, 9 Jul 2009 08:30:53 -0700


Boy,

Eu vou ao ensaio amanhã então. Depois vc me confirma o horário certo e o endereço.
Aos três que estão na Paraíba, uma boa abertura de exposição e que vcs façam muito sucesso por aí...
Boy, gostei da mudança que o acréscimo da palavra fez ao poema e, concordo com vc quando diz que poderia virar um soneto, embora ache que a obra já está "redonda".
Queria deixar uma sugestão para o final do seu poema "Vintage" (do tema POP). Experimente tirar a penúltima estrofe (ah, se eu fosse) e a palavra "eu" da última estrofe e veja se o ritmo melhora...

Abç, boy
_____________________________________________________

De: Oswaldo Almeida Jr. .
Assunto: RE: Do sertão, aos boys!
Para: "Wallace Puosso" ., "Reginaldo Gomes" .
Data: Quinta-feira, 9 de Julho de 2009, 20:13

Hehe... Boy, não sei se o problema daquele poema é só esse, infelizmente. Reli-o agora, e parece que precisa de uma mexida bem maior... Chego a achar que ele não é um poema! Verdade, parece um texto qualquer, narrativo. Leia-o assim, pra ver se não é isso:

(Definitivamente não sou pop. Toco as mesmas músicas do mesmo jeito há quinze anos, e nenhuma delas tem menos de vinte. Se eu fosse famoso, ah, se eu fosse, o meu jeito retrô seria “vintage”. Minha falta de estilo estaria na moda e eu seria modelo para os indies. Depois de tanto ser copiado, eu passaria então a me copiar! Tocando as mesmas músicas do mesmo jeito por quinze anos, eu chegaria ao topo do mundo do rock. Mas o fato é que eu, não sendo famoso (ah, se eu fosse), eu definitivamente não sou pop.)

É... Acho que há outros problemas. Na boa, se eu tiver outra idéia para o tema "POP", eu troco o poema todo! hehehe...

Mudando de Assunto: boy, o Felipe quer ensaiar na casa dele. Marcamos para amanhã às 19h. Se você quiser ir comigo, pode passar aqui lá pelas 18h, a gente toma uma taça de vinho e aí vamos juntos pra lá, num carro só.

Abraços a todos!!!
boy
_____________________________________________________

De: Wallace Puosso .
Assunto: RE: Do sertão, aos boys!
Para: "Reginaldo Gomes" ., "Oswaldo Almeida Jr." .
Data: Sexta-feira, 10 de Julho de 2009, 11:18

boy...

É verdade, uma narrativa... acho que um formato de texto assim também cabe na nossa proposta. Não vejo a coisa encerrada no formato de poema (aliás, conversamos sobre isso no churrasco). Portanto, se vc achar melhor, mantenha o texto desta forma. Não é necessário fazer outro: ele "dá conta do recado" com a questão do POP...
Outra coisa, esse texto também pode virar uma letra de música, precisa acertar o ritmo, mas acho que sai alguma coisa... rs...

Abraço!
wallace puosso
_____________________________________________________

De: Wallace Puosso
Assunto: Minha distância
Para: Oswaldo Jr.; Reginaldo
Data: Sat, 11 Jul 2009 13:44:43 -0700


Boys, segue meu poema para o tema Distância. Ainda falta o boy regis mandar ou comi bola? aiai... estou perdido no meio de tanto email e tema... rs...

É isso.
Wallace
_____________________________________________________

De: Oswaldo Almeida Jr. .
Assunto: RE: Minha distância
Para: "Wallace Puosso" ., "Reginaldo Gomes" .
Data: Domingo, 12 de Julho de 2009, 12:03

Puts, boy, que poema bonito! Pra mim, a poesia está concentrada nos trechos:

"a rotina esgarça o tecido / deixa as cores mais lavadas / menos vibrantes"
e "O que separa amor de saudade / é um dicionário inteiro
"

Esses trechos acima, pra mim, mostram o olhar do poeta para a realidade com um olhar que não é o olhar cotidiano, como todos nós olhamos a realidade todos os dias - o olhar comum. Esse olhar diferente, pra mim, é o que marca o texto como poético, mais até do que os aspectos formais da poesia - ritmo, forma, etc. Quando consigo isso fico muito feliz, satisfeito com o texto. Não é sempre.

Que lindo. E fechou com uma rima que não ficou forçada.

Bacana.
boy
(ei, o boy ainda não mandou o dele?! A história desta semana ficou invertida, é isso mesmo? rsrsrs...)
_____________________________________________________

De: Oswaldo Almeida Jr. .
Assunto: RE: Sobre nós aqui.
Para: "Reginaldo Gomes" ., "Wallace Puosso" .
Data: Quarta-feira, 15 de Julho de 2009, 13:52


Uaahhh... (bocejando)... Férias é bom demais, né, gente? (o Wallace vai dizer assim - "não sei o que é isso", mas tudo bem). Uaahhh... (de verdade)...
Bem, com a velocidade de um Caymmi, deixa eu passar pra vocês o tema desta semana...
- (uaahhh, de novo)
- o tema é "Vale do Paraíba".
Pensei nesse pra deixar um pouco mais difícil pro Reginaldo, hehehe... Quero ver o cara tirar o pensamento do nordeste, rsrsrs! (ih, tem "Paraíba" no nome, agora é que reparei!!! Não vale apelar, hein, boy?!)

Bem, é isso (uaahhh...). Deixa eu voltar para a minha leseira...

Abraços,
boy
________________________________________ _____________